Vamos conversar?

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quinta-feira, 24 de março de 2011

Mudança de hábitos. Mudança pra vida!

 Lendo um artigo sobre Alzheimer, hoje, vi que o conteúdo se encaixou na vida. Na minha. E os dedos correram sem parar. Deu nisso. Vamos lá!

Perfeito!

Perfeito pro meu dia de hoje! Justo hoje que, creio, é o dia que eu teimava em não querer deixar acontecer... Eu sabia que um dia, chegaria a hora de eu parar de correr. E teimosa tomava porres de km... Agora a ressaca é exageradamente maior!

Ao invés de diminuir, apenas, os km, pode ser que eu tenha de parar! Totalmente! Aí entra a tal ginástica cerebral (e cardíaca!) de achar prazeres noutras coisas, oxigenar-se em outras tantas, transpirar noutras mais...

Mudar a rotina implica em buscar novas coisas, novos prazeres, novos caminho, até mesmo, novos sapatos! E mostrar uma nova vida do lado de fora da nossa carcaça, apenas por se permitir sentar-se noutro assento no trem no qual se vai! Ver a vida por outro ângulo...

Alzheimer, mais do que uma doença do esquecimento para o doente, é um tratamento do “lembramento” de todo aquele que convive com ele. O lembrar-se do quanto é bom viver! Do quanto a vida oferece outras cores. Do quanto há dias pra se rodar. Quantos sons, ainda, não se ouviu. E de que, um dia, o corpo já não mais obedece. Para todos! E que, por isso,a vida é o instante “agora” que cabe num piscar de olhos. O resto, todo o resto é efêmero! É um sopro!

Alzheimer? Digamos, é o espelho posto diante de nossos olhos daquilo que somos. Mas que por um breve espaço de tempo não somos. Nada mais justo que ter na "anti-rotina" o seu maior inimigo...  Quem se acostuma à rotina não é necessariamente um modelo de pessoa madura que aprendeu a controlar seus ímpetos. Pode ser que seja apenas alguém que passa pela vida anestesiado, no piloto-automático, no “stand-by”, vendo a vida passar.

Ginástica cerebral é o antídoto do Alzheimer? Diria mais! Ginástica na alma! Quebra de regras quando estas extrapolam a boa intenção da organização, da justiça e encaixotam a pessoa no quadrado que lhes definha mente, alma, corpo e a vida, enfim!

Vou mudar de vida, sim! Não, exatamente, porque eu queira. Nem sempre as mudanças foram decididas, por mim mesma, de livre e espontânea vontade. Sempre digo que nem meus sonhos foram escolhidos por mim mesmo. Vieram como presentes! Eu não enxergaria que seriam possíveis de acontecer!

Agora é hora de eu abrir mão de algo que eu ganhei, gostei, aprendi a adorar até o ponto de adorar demais. Até chegar ao ponto de ser “viciada” mesmo. Correr! Assim como qualquer vício, o prazer era tanto que extrapolei, exagerei e não admiti ver que passava da barreira do prazer, do saudável. E foi além. Do limite daquilo que faz bem e daquilo que faz mal! Sinto dores! E não são aquelas dores que todo atleta, corredor disciplinado sente para superar limites, ultrapassar barreiras, vencer desafios. São as dores de lesões que deveriam se respeitadas se eu quisesse permanecer por longos anos correndo. Menos, bem menos km, hoje. Mas por muitos anos além. Eu fiz a opção! Quis correr o risco. Quis ver para crer até onde meu corpo iria chegar! Fiz coisas que ganhei. Fiz coisas além. Teimei. Não ouvi meu corpo. Agora as dores são muitas. As lesões pioraram. E o bom senso manda parar. 

Será pra sempre? Nada sei! Que bom que nada sei. Mas sei que corri o risco e ele incluía correr o risco de fazer tudo, exageradamente, hoje e abrir mão de nada poder fazer amanhã. Então eu sei que tenho de me aquietar agora, esperar o tempo me mostrar até que ponto eu me machuquei. O que o meu exagero permitiu sobrar para eu fazer. É a lei da causa e conseqüência. Ou do livre arbítrio. Penso que é a mesma coisa. Você vive (ou não) e sofre a conseqüência desta opção. Uns vivem de menos, outros demais. Creio que eu seja mesmo daquele grupo apressadinho, ansiosinho que quer viver intensamente, exageradamente tudo aquilo que gosta tanto. Corri o risco. Arrependimento? Não vou ser covarde pra dizer que sim, ou pessimista pra dizer que deveria ter feito menos. É a minha natureza. Tudo valeu a pena, ahhhhh se valeu!!!!! Mas tenho de ser humilde o suficiente pra reconhecer meus erros. Costumava falar com a boca cheia que eu nunca me arrependia de meus feitos,como se isso fosse uma medalha de gente que só faz o que deve ser feito, ou que faz e mesmo errando, tem o orgulho de ter tentado... Frases feitas que escondem a falta de humildade de gente que deve pensar melhor em suas atitudes e decisões.

Abdicar de uma grande paixão, um grande prazer é duro. Mas é preciso reconhecer quando ela deixa de ser algo que me faz bem. Amores tem que fazer bem. Prazeres, o nome já diz, deve ser prazer.

Se tiver de parar de correr, valeu a brisa no rosto, o vento na cara, os muitos conhecidos, os valiosos amigos ganhos nos tantos km. Percorri o caminho. Lutei a batalha. Não perdi a guerra. A vida prossegue. E caminhando, eu vou!