Vamos conversar?

Vamos conversar?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"BORN TO RUN": 1° Maratona de Londrina - Pr

"BORN TO RUN": 1° Maratona de Londrina - Pr: Salve Galera Com muita honra que venho aqui falar, desta sensacional prova ocorrida neste último domingo 28/Ago/2011 em Londrina norte do...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Maratona das Asas

Era pra serem 42 amigos que me levassem em suas asas pra eu correr uma maratona. Esta que sonhei e que soube que o prefeito Barbosa Neto contou pra todo mundo que nasceu ali, no ladinho do Lago Igapó, em meio a uma corrida de aniversário da cidade, numa conversa minha com ele.

Não tem jeito! Se fosse diferente, não seria eu! Cutuquei-o no ombro e disparei: "Prefeito! Vamos fazer uma meia em Londrina? A cidade já comporta..." De cara ele, visionário, topou. Mas devolveu: "Me leve o projeto" Levei! No dia seguinte a prova! De lá pra cá, SONHO e AÇÃO se juntaram. E fizeram nossa maratona acontecer.Conto isto, hoje publicamente não para citar ou destacar nomes, uma vez que ele próprio gosta de contar esta historinha,sempre que se pronuncia. Conto para que todos que têm seus sonhos OUSEM colocá-los pra fora. Para as pessoas certas!

É preciso ter ousadia para sonhar. E mais ousadia para por em prática. É publico, pois o nascimento desta maratona se fez no meio a uma multidão. Não poderia ter sido melhor!Não poderia acontecer de forma melhor! Tantos que acompanharam o seu desabrochar vindo de tantos lugares diferentes para presenciarem...

A prova já começou a ganhar este jeito de maratona dos anjos, ou maratonas das asas ali, pois foi compartilhada, desejada e buscada! E hoje, tornou-se realidade! Não há como descrever minha alegria em ver uma maratona linda, organizada, farta e cheia de brilho proprio passar pelas ruas da cidade em que nasci e cresci. Não havia nada que indicasse que um gesto poderia fazer a DIFERENÇA. Mas FAZ! Uma atitude, uma ação, vindos de um sonho. E movimentaram toda uma cidade, trazendo tanta gente...

Não é uma pessoa que move multidões... São os sonhos que ela carrega! Somente por isso que esta maratona aconteceu. Sonhos movem impossíveis, realizam grandes coisas! Que todos os apaixonados pela corrida neste brasilzão possam se inspirar no nascimento desta maratona. E levarem para suas terras este sonho. Somente quem já passou por um pórtico de chegada de seu desafio e, de uma forma singular, de uma chegada de uma maratona, sabe o quanto ela mexe com a gente. Dá vontade de repartir com os outros o sonho. Reparti. E hoje, ela existe aqui!

Claudir Rodrigues: um campeão em simplicidade, em generosidade e que foi uma das 42 asas!




Vou contar uma coisa pra vocês! Que me emocionou e me faz, hoje, admirar ainda mais este moço simples, manso e que foi nada mais, nada menos, nosso primeiro campeão na Maratona de Londrina! Estávamos em frente à loja onde acontecia a entrega dos kits, quando o Pinguim esticou os olhos e falou “É o Claudir, o tri-campeão da Maratona de Curitiba!”

Olhando, você vê um corredor sem pompa, nem pose, de poucas palavras e simples, tanto quanto era a sua simpatia em falar conosco. Lá fui eu atrevidinha, de novo, conversar com ele sobre várias coisas e, como estava na pilhagem das 42 asas, comecei a lhe falar sobre os “anjos” que acontecem nas corridas. Que simplicidade extraordinária. Nada extravagante! Apenas alguém que corre como ninguém, mas que não esqueceu as raízes e que compreende e pratica o “fazer anjo”.

Não foi preciso explicar muito! Ademais, o que explicar para um maratonista que se revelou um grande vencedor não somente nos 42,195km, mas em essência, tem aquilo que faz de um homem, um verdadeiro maratonista?

Dizemos que quem faz anjo, somos nós, amadores, que corremos sem compromisso de tempo, que não visamos pódio, que não perdermos nada ao voltarmos pra buscar ou acompanhar alguém durante uma prova. Mas veja bem: Claudir encarou 22 horas de busão para estar em Londrina, ouvir-me um tequinho, dar-me uma lição de simplicidade e de que sabe, exatamente, o que é ser asa.

Quando atrevi-me a lhe perguntar se me daria a honra dele usar o botton que simbolizava as 42 asas, qual não foi minha surpresa ao ouvir algo como um “Claro, certamente, é isto que vale na corrida! São estas pequenas coisas que dão sentido à corrida!” Eu estava deslumbrada com ele. E muito mais ainda, quando após uma conversa parecida com outro possível campeão na prova tive uma negativa em usar o botton. Nem como lembrança, nem mero presente.

Melhor assim! É uma pequenina peça que resultou da colaboração de anjos que elaboraram e me mandaram de Curitiba. Mas que representam as 42 asas. Tem que usar, apenas quem sabe, faz e se propõe a praticar o anjo na corrida. Definitivamente, Claudir não é apenas um campeão nas pernas que o levaram ao lugar mais alto do primeiro pódio da Maratona de Londrina. É anjo, de fato! Propaga, gentilmente, em suas poucas palavras, em suas atitudes simples, discretas um modelo de corredor que, certamente, age em sua vida levando outros em suas asas!


Perfeito o pódio! Subiu mais alto aquele que correu com asas!


http://www.maratonadelondrina.com/2011/?p=200

Claudir Rodrigues, quanta honra ter você como uma das 42 asas pra correr uma maratona!

*Pensei que seria maluquice minha ver o botton em sua camisa. Mas ele estava usando! Dei um zoom pra ver a pequena pecinha que, hoje, simboliza tanto! Basta olhar, em seu ombro esquerdo o bottonzinho vermelho!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Os anjos multiplicaram!

Só para constar... OS anjos multiplicaram! As 42 asas cresceram numa dimensão que emociona ao se gastar um tempo ouvindo as histórias que cada um tem pra contar sobre seus anjos! Os que deu e os que recebeu. Tenho ouvido histórias e histórias. E são estas que pretendo relatar no blog. Vai um tempo..Ainda estou curtindo o gostinho gostoso de saborear algo delicioso... Tal qual quando se coloca um doce boom na boca e você não o mastiga... mas fica saboreando devagarinho pra sentir todo o sabor..

A Maratona foi linda! Ver tantos corredores londrinenses estreando na maratona.. Ver tantos outros mais estreando na meia em sua terra natal... Ahhhhhhhhhhhh... Não há preço pra isso!!! A felicidade de tantos que cruzei no caminho.. Tantos que parei pra conversar um teco, enquanto fazia anjo de bike... O brilho dos olhos de quem vence um desafio, alcança e realiza um sonho é algo inacreditável! E extremamente contagiante! São tantas e tantas pessoas que não fazem absolutamente nada e que estão super empolgadas pra participarem em 2012 das provas menores!

E mais: contagiar as pessoas a fazerem anjo, ou fazê-las perceber que já eram sem nem saber, é algo que fará a diferença nas corridas! É isso que levo pra casa desta maratona. Por hoje é só isso!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Histórias que inspiram: Yara Achôa

Histórias que inspiram: Yara Achôa

"Cada treino que finalizo, cada corrida que concluo, sentindo as dores e as delícias de correr são especiais. Na corrida você vence os obstáculos (dor, percursos difíceis, frustrações) e se sente poderosa. Depois, no dia a dia, nada mais fica complicado. Você se sente capaz de resolver tudo. Correr mudou minha vida e continua mudando a cada dia."

Esta é Yara Achôa!
Cheia de vida! E de lições recebidas e compartilhadas na corrida..
Vale ler!

Double anjos! 42 asas pra correr uma maratona... que já são 83!

Era pra ser 42... Agora, o número é apenas um detalhe no meio desta "brincadeira" que tem como porpósito, enfatizar a essência da corrida. Aquilo que nos faz, de fato, correr quando as pernas já não aguentam mais... É o coração que leva!
Todo mundo que já fez maratona sabe o quanto é preciso ter "cabeça" pra seguir, pra segurar a onda, pra não se deixar abater. Lógico que tem que ter perna, também! Não é uma coisa louca de se decidir ir, de repente, e fazer 42km! O caminho é longo! Não compreendem, apenas, este número em km. Compreendem muto mais, muito além e não param nunca ali no pórtico. Muita gente treina 25, 28, 30, ultrapassa o muro dos 30 na rodagem e sabe que está pronto pra tentar a maratona. E está! suas pernas estão! Mas o que diferencia aquele que está treinado daquele que vai terminar é a dosagem que faz. A combinação que aplica entre o que as pernas querem, o que a mente racionaliza e o que o coração suporta e vence. Num treino, você não vai ver gente desistindo, quebrando, caindo. Aí, entra a parte "psicológica". Como reagir a isso faz a diferença. Dali, muitas vezes, você distribui a sua energia e recebe-a de volta. Engana-se quem pensa que é passar reto e seguir! Óbvio! Há quem passe, atropele e siga e termine! NÃO ESTOU FALANDO DE TERMINAR A PROVA! MAS DE SEGUIR APÓS ELA! Quando você passa por pessoas quebrando e você ainda consegue dar um sorriso, uma palavra, um incentivo, dar a mão, ao invés de de você gastar sua puca energia que sobra à toa, faz o inverso! Recebe de volta dobrado! Passar pelo muro dos 30, é possivel! Passar pelo corredor dos 30 aos 42 é a prova que faz de você um maratonista de alma!! Aquele que compreende a essência! Que não basta chegar! Que o que se leva do caminho é muito maior, permanece muito além dos 42,195km... Pois é o coração qeu faz esta parte. E pra quem não percebeu ainda, não experimentou, digamos, estes gestos são o combustível extra, a dose que falta, muitas vezes, pra você terminar bem e feliz.
Qualquer pessoa que for ler o que escrevo, se for ver pelo lado técnico não irá concordar. Mas quem foi que falou que eu quero falar de técnicas de corrida quando falo disso? Quero falar do que nos traz a corrida quando se corre com o coração!
Fazer anjo, levar na asa, conseguir rir e sorrir neste CORREDOR DOS 30 AOS 42 torna-se muito mais importante do que somente passar o muro dos 30.
Se você vai fazer os 42 e nunca tentou passar olhando com estes olhos - os do coração de maratonista de alma - experimente fazer! Garanto que tua maratona vai se prolongar e ser a maratona da vida!

Boa e bela prova! Pois a cidade já é bela! E a prova pra ser, só depende de você!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CLICS dos ultimos treinos dos grupos: AML, CORE e avulsos

Disponibilizando o link dosa lbuns pra vcs "roubarem as fotos"....

Treinos pra Maratona de Lndrina... Tá chegando!!!! CINCO DIAS E MEIO!!!

AML:
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/TreinoAMLUltimoFindis?authuser=0&feat=directlink

CORE::
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/CoreRumoAMeiaEMaratonaDeLondrina

CORE:
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/CoreTreino

Espero q os clics sirvam pra guardar este tempom bom!

As corridas de Myla - Loucos Por Corrida: O Sonho da Meia do Rio realizado pelo Globoesporte...

As corridas de Myla - Loucos Por Corrida: O Sonho da Meia do Rio realizado pelo Globoesporte...: Bom dia amigos blogueiros e corredores, Após a entrevista que dei na feira 18/08 e exibida na sexta feira dia 19/08 tanto no Bom dia Brasi...

Myla Vitachi,
Porque SONHAR é preciso!!!! Myla Vitacchi não se entregou a um prognóstico nada animador, foi pra rua, foi a luta e ta aí! sonhos realizados e incentivando outros a buscarem seus sonhos!

sábado, 20 de agosto de 2011

Desafio dos anjos - Muito além dos 42, 195km!




A Maratona de Londrina está a oito dias de acontecer. Daqui a aproximadamente 180 horas, será dada a largada! Quantos sonhos partirão dali? Quantos corações batendo no mesmo ritmo das batidas dos pés no chão? Quem tiver disposição de ir presenciar verá escandalosamente estampado nos olhos brilhantes de cada corredor presente a reluzente alegria de estar indo atrás de seu sonho... Quem não está familiarizado com este meio alucinado da corrida pode não entender, achar exagero, coisa de gente que gosta de perseguir aquilo que não chega nunca. Somos gente que aprendeu a fazer, apenas se ganhar algo em troca. Em moeda corrente. Ou a fazer para não ser punido, ou sofrer sanções. Por isso, invariavelmente, quando começamos a nos embrenhar nestas provas de rua, nos perguntam: “Mas você fica em que lugar?”, “Ganha alguma coisa... dinheiro???”. E ai de nós se falarmos que não recebemos prêmio nenhum e que... pasmem! Gastamos dinheiro nisso! Mas quem presencia a largada e persevera ao esperar a chegada de uma maratona tem a grata satisfação de vivenciar um momento inesquecível. Se os olhos na largada já reluziam sem vergonha nenhuma, ahhhhhhh... A chegada ofusca! São corredores de todos os tempos (de relógio e de vida!) e idades, com todo tipo de histórico, desde atleta a ex-alcoolista, de magrelo ao ainda gordinho, de portadores de laudos comprometedores a ex-obesos, de gente com a sua idade e gente com o dobro, de celebridades a anônimos. Não há quem não passe por um pórtico de chegada de uma maratona que não queira explodir num grito, num choro, numa gargalhada de alegria, num pulo, num abraço no primeiro que passar do lado, ou na pessoa que ama, se esta estiver ali por perto. Quem já esteve presente, sabe. Quem não esteve, tem a oportunidade de ver isto ao vivo. Quando qualquer pessoa pára pra pensar o que significa correr por 42 km, pára e diz... “Mas é muito chão! Mas é muito tempo correndo!” E é! Você presenciar os corredores chegando após tantas horas e ver em cada um a explosão de sentimentos, é algo único! Creio que isso tudo tem a ver com aquilo que chamamos de UTOPIA. E que os livros didáticos nos ensinam que é sinônimo de IMPOSSÍVEL. E que entre o romper da largada e o avistar da chegada, vão se esvaindo, evaporando, tomando a forma do sonho que nossas pernas vão alcançando para nos apropriarmos com tudo o que temos direito! O corpo todo se regozija! Não há um único poro, uma única parte de nós que não estremeça ao avistar um pórtico de chegada ao longe. Pois é nesta hora que se tem a medida exata do tão-perto-tão-longe, tão-longe-tão-certo! É preciso ligar todos os botões possíveis de piloto automático nesta hora. Pois se algum mecanismo de continuar a dar as passadas falhar, de tanta emoção, o restante tem que dar conta de levar as pernas. É a hora que muitos vivenciam e compreendem a essência de quando se diz que “quando as pernas não puderem mais, deixe o coração levar”. É tão certo quanto é imprevisível como cada um vai chegar e reagir. Rindo à toa. Saltitando. Gritando, xingando, sapateando. Chorando muito... E quando, a maior possibilidade de chance de se chegar for de choro, é certo que nos últimos km, o choro já estará sendo contido, pelo simples medo de se amolecer todo o corpo de tanta emoção e nem conseguir acabar de chegar! E, quando o choro vier à tona... Ahhhhhh... Deixa vir... Transpor um impossível, tocar um sonho com as mãos, sentir no rosto a brisa do vento que leva por caminhos onde as impossibilidades se desfazem, os horizontes se estendem e a utopia não existe mais é algo conquistado a cada km. É tal qual vulcão que entra em erupção. Tudo o que vier à tona, vinha borbulhando e fervilhando. Fermentando até explodir. E uma vez posto pra fora, não retorna mais. Pois, pode-se conter muitas coisas. Pode-se calar por um tempo. Pode-se oprimir desejos. Mas a alegria é dos poucos sentimentos que não se finge, não se convence tê-lo se não possuí-lo, de fato. É dos mais espontâneos que brotam e pipocam estampados no rosto da gente. Que não podem ser disfarçado, tolhidos, abafados. Chorar ao se concluir uma maratona é apenas a essência minando lá de dentro do peito... Pra mostrar pra toda gente que existe, ainda, rega a alma, mantém-nos vivos. São de alegrias que preciso. E elas são tão simples de se sentir. Basta ser autêntico consigo mesmo. Ouvir seu coração. Respeitar seu tempo. Quando não puder fazer por você, faço por outro. E se puder fazer por você, não se esqueça, também, de fazer pelo outro. Serão muitos estreantes na maratona. São muitos os que já passaram pelo pórtico uma primeira vez. São muitos que farão os 21 km e aguardarão amigos maratonistas chegando. São muitos que nunca fizeram, mas já ouviram falar do “fazer anjo”.
Proponho um desafio: o Desafio dos Anjos! Fazer desta prova uma prova diferente! O londrinense tem a fama de ser gente calorosa, receptiva e amiga. Se você vai participar de alguma das provas no dia 28 de agosto, seja a de 5km, a de 21 ou a de 42 e tiver a curiosidade, a ousadia, a vontade, simplesmente, de ser anjo, convido-o a fazer parte deste desafio! Sou sonhadora, por natureza. Mas tenho o pé no chão. E sei que quando jogamos uma idéia no vento, um sonho, um pensamento, adere a ele, quem lá dentro assim o quiser! Não é algo que precise emplacar e ter uma adesão grande em quantidade. É preciso ser grande em vontade! Se houver um anjo novo nesta prova já valeu à pena! Se houver um único corredor que absorva esta idéia e a incorpore em suas corridas e em sua vida, a semente já terá sido lançada e já terá frutificado. Um amigo ultramaratonista me falou que esta minha mania de fazer anjo em provas é maluquice. Que tudo bem, fazer 21 e voltar e buscar os amigos. Mas que nos 42 é loucura... Concordo com ele. Mas sei que ele mesmo acabou voltando em plena Prova de Poços de Caldas, prova duríssima, pra buscar, num anjo, seus novos amigos e pupilos. Aderiu! Alguns anjos acompanham do começo ao fim. Alguns, apenas por um trecho e nunca viram, nem nunca tornarão a ver os amigos que levaram em suas asas. Alguns terminam suas provas e voltam para buscar. Alguns fazem as provas menores e vão para o trecho final, a uns 3km da chegada e aguardam seus amigos maratonistas para acompanhá-los num vôo em revoada. E até mesmo em maratonas, sei de muita gente que por uma nobre causa, deixa de “correr pra tempo” pra desfrutar do prazer da companhia de alguém que esteja estreando, ou que lhe confira um significado muito especial para correr. Assim como sei de histórias de gente que encontra forças pra terminar a prova por se propor a correr por outra pessoa. E que, passando por cima de todas as suas dificuldades, dores, muros, e buracos lá dentro, prossegue, persevera, por transferir à corrida a sua luta própria e pessoal de poder reafirmar a si mesmo, a possibilidade de transpor a barreira do impossível ao alcançável! (*)
“Fazer anjo” é uma forma simbólica de fazer algo a alguém. É o que se pode chamar de “Beau Geste” na corrida. O nobre gesto de alguém que se propõe a fazer algo por outro.
O chafariz é o ponto culminante da prova! O ápice, o ponto a se chegar, além, é claro, do pórtico. Quem alcançar o chafariz pode abrir um sorriso largo no rosto, tomar um banho ali mesmo, se lhe der a vontade, abrir as asas e decolar! De lá se avista a chegada! É uma vista linda! Vê-se de longe a movimentação em torno do totem que indica a chegada. São cerca de 2 km para terminar. É o ponto perfeito para quem quiser se aventurar nesta gostosa brincadeira de “fazer anjo”. Se lá for longe, tem a rotatória da Ayrton Senna, a cerca de 1 km. Receber anjo numa corrida é como receber asas pra terminar! O coração se enche da energia de quem vem buscar. O corpo fica mais leve, como se transferíssemos o peso extra às asas do amigo. A alegria retumba no peito! O rosto cansado desenruga. Estica e estampa sorrindo, a vitória que se aproxima! Ter anjos no aproximar de uma chegada nos dá a certeza que correr não é, definitivamente, algo mecânico, suado e somente para o corpo físico. Correr exercita os músculos, fortalece ossos, estimula o coração, o pulmão a trabalhar, loucamente, para dar conta de bombear sangue e oxigênio a toda parte. Mas muito mais do que isso, correr derruba os obstáculos que a mente inventa, o corpo cansado acata, o coração não questiona e que enclausuram e enjaulam nossos sonhos. Quando você corre e vence o muro dos 30(**), faz muito mais do que isso. Derruba o muro das impossibilidades não desafiadas. Abre horizontes. Vislumbra novos caminhos. E segue! Muito além dos 42, 195km!


(*) No livro Operação Portuga, de Sérgio Xavier Filho, é contada a história de um grupo de amigos que aceitam o desafio de “bater” o tempo do Portuga. O que eles não contavam é que havia outros desafios em questão. E que vencer ali podia conter muitos outros significados. Um livro que parece falar de corrida. Passa-se no meio da corrida. Mas que fala de vida...
(**) Muro dos 30 é uma expressão comum no meio dos maratonistas e diz respeito ao momento em que o corpo parece não ter mais forças para continuar. Comumente verificado em torno do km 30, é quando o “psicológico” tem que entrar em ação para dar suporte ao corpo treinado pra vencer os 42 km, pois muitos quebram por aí, param, passam mal, andam, desistem. Passar pelo muro dos 30 é o desafio primeiro a ser vencido. Pois quem passa por ele sem ser derrubado, reabastece-se de forças para prosseguir.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Myla Vitachi... LPC... Loucos Por corrida do Orkut e, agora no Face... algu'[em conhece? Eu, sim!!!

Tudo, tudo, tudo de bom, aquilo tudo que Deus tem de melhor, eu desejo a você... No okt, face e barará.... a gente vê muita vaidade rolando... Pessoas querendo se aparecer... discutindo... se mostrando... Tal qual o post de ontem que o Marildo fez e o ricardo Hoffmann citou e mostrou tão bem em seu blog (Run for Free, cujo nome originou-se na leitura do que o Marildo escreveu). Neste nosso meinho de corridas, gente mostrando, somente, tempos...Como se isso fosso o "tudo " a ser mostrado... Nada contra, mas há tanto a se mostrar... Você ensinou pra gente a AMIZADE VIRTUAL que ultrapassa a fronteira do digital! A pira louca de viajar pra correr, ganhava sentido quando tínhamos em mente irmos nos "orkontros", lembra??? Conheci os primeiros LPC no Rio, justamente onde você estará no domingo! Fer-anjo, Michel, Marcia Chi, Simone Calanga, Heraldo, depois em Curitiba, mais LPC, Junior Ctba, Gen, Lucia, Marina, Foca, Adesilde e uma galera... POA, a fer Runner, Mayumi POA, e por aí afora. Levei pra comu minha amiga irmã, Edna Fagundes, com ela foram Reem, Nilma Rezende... São tantos, tantos...Tudo, tudo não é em vão!O seu modo de criar e conduzir a "Comunidade dos Loucos Por Corrida - LPC" fez com que fossemos assim: loucos por queimar asfalto trilha, terra, SIM, e sedentos de amizades além das fronteiras de centímetros que um monitor pode ter... ao invés de nos confinarmos em horas e horas na internet “orkutando”, apenas, (tudo bem, confesso que ficava horas e madrugava pra por os km nas corridas virtuais, falar e receber Bom dia da galera e talz) mas era como tomar café com os amigos de manhã, bater um bom papo logo cedo e poder sair já de alma lavada, leve, de ter papeado, gargalhado e se abastecido da energia boa de amigos que foram colhidos ali.
Justa homenagem! Merecido momento este! Você gerou uma geração de LPC, criou laços com a sua pessoa e fora dali, propiciou tantas e tantas amizades entre corredores de todo o Brasil!!! Tem noção??? Você, criaturinha baixinha, tinhosa, teimosa, raçuda, chorosa, braba, guerreira, boleira,festeira, corredora, meio-maratonista, sonhadora, mãezona, esposa, que venceu o prognóstico de nem poder mais andar e superou, ultrapassou isto e corre, CORRER COM PRAZER, sem se deixar levar ou achatar-se por medidas milimétricas de segundos, minutos, sabe muito bem que a medida boa da vida não se faz em régua... Mas na quantidade de bem que fez aos outros, na generosidade de levar ânimo a alguém, quando este não tinha, puxar a orelham rir junto, ensinar a usar algum recurso do Orkut, como por fotos no Álbum criado lá, conversar em janelinhas, puxa... Quem te conhece, sabe que é difícil conter em palavras tantas coisas proporcionadas por uma certa comunidade do Orkut que eu participei, levada pela Viviane, que era daqui mesmo de Londrina e eu fui conhecer lá no Okt...
Myla, hoje meu post é pra você! Continue assim, espontânea, feliz, sincera por seguir seu coração cheio de Luz, por ter valores bem definidos que não te deixam, nunca, se corromper, GENEROSA!!! Falaria muito mais ainda de você! Mas vou deixar pra outra hora, porque já, já, vou ver você na Globo... E olha que nem TV eu assisto!!!!!
Beijo cheinho de carinho!!!
Sua maninha, sempre!!!


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Trancada pra fora de casa – Aberta ao lado de fora!

Hoje fiquei trancada pra fora. Quem nunca passou por isso? As reações a isso, as mais diversas. Cara feia, bico, mudez, barulhez e escrever de vez!
Moro num apartamento. Há dois anos e meio. Cruzo com as pessoas, cumprimento-as. Algumas, converso mais, outras menos, outras apenas aceno e recebo um gesto de cumprimento. Difícil imaginar-me quieta, não conversante. Mas estas coisas acontecem! Sério! E o silêncio incita pensamentos...
Saí de bike para trabalhar. Ato para movimentar o esqueleto, carente de corrida e para abrandar as contas a pagar. Gesto para levar a alma para passear. Voltei para casa, após um desvio por aí, pra esticar a pedalada boa da noite, coisa que adoro! Ia mesmo trocar de roupa no serviço para poder ficar umas horas pedalando, como eu fazia correndo... À noite, lua no céu, vento na cara, despreocupamento! Acontece, porém, que resolvi passar em casa, deixar a mochila, trocar a roupa e sair. Mas quando dei com a mão na mochila... Procura daqui, procura dali... Estava sem chave! Misteriosamente, justo hoje meu filho havia saído sem deixar a chave dele na portaria, coisa que costuma fazer pra não ter de levar peso à toa! Liguei um bom tanto de vezes e nenhuma ele me atendeu. Tinha um compromisso importante na escola. Não poderia atender, eu já sabia. Passei a tentar por mensagens. Recurso que todo mundo conhece quando tem que falar já e sabe que do outro lado, ninguém atenderá! Mandei o recado. E as respostas – TODAS – me diziam para eu me virar! Não dava pra ele nem sair pra me levar a chave na portaria do colégio. Resignei-me, me acomodei displicentemente no sofá do hall de entrada do meu prédio e comecei a fuçar o salvador da pátria: o celular com acesso a internet! Vi meus e-mails, passei no blog e já fui arquitetando de escrever, enquanto esperava pelas duas horas intermináveis que ele demoraria pra voltar! Aí começa a história de hoje...
Moramos em cavernas! Entocados! Escondidos! Não que não sejamos seres anti-sociais! A propósito, tenho plena consciência de que eu sou uma pessoa que topa e conversa com a facilidade de quem já conhecia há anos... Não são lugares cheios de pessoas que me fascinam. São as pessoas provenientes dos diferentes lugares! As trocas. As conversas à toa! As descobertas que se faz junto delas. As histórias que cada uma carrega e que, quando não se tem a preocupação de não se ver de novo, brotam contadas despreocupadamente, criam laços de identificação e de afinidades. Percebo que vemos mais as pessoas que se entocam na volta a seus lares mais distantes do que as que moram ao lado. Enquanto esperava no sofá, vários vizinhos passaram. Todos cumprimentaram e vários rostos eram conhecidos, mas havia um tanto o quanto de desconhecidos. Talvez sejam aqueles com que cruzo, apenas dentro de seus carros. E nunca tenha parado pra olhar de perto suas feições. A mãe de um amigo de meu filho logo emendou uma história semelhante de ficar trancada pra fora, ofereceu sua casa e passou. Fui escorregando no sofá e mais um pouco, com, certeza, eu dormiria por ali mesmo! Eu funciono no 220 volts. Acelerada, mas quando encosto, apago! O sono ia batendo, ia lendo histórias no blog, relendo escritos antigos e o “lendo por aí” que são as leituras de outros blogs pelos quais passo. Já arquitetava escrever no celular, algum texto que me brotasse, coisa parecida com “Quando o tempo pára”, ou “Trancada do lado de lá”. Foi quando passou pela segunda vez, um casal vizinho, sobrinhos de uma grande amiga minha, com quem converso sempre um pouco mais quando os vejo. Convidada, de novo, para subir, esperar no apartamento deles, rapidamente abri mão de escrever para passar um tempinho com eles! Recém sabendo que serão papais, estão radiantes! Se gosto tanto de conversa fora, porque ficar um tempo conversa adentro comigo mesmo? Topei! Subi no apartamento com eles, me serviram um suco e um lanche quente. Falamos de coisas à toa. Até novela assisti. Falo que não temos de ser tão radicais ao ponto de não interagir. Se você está na casa de alguém, curta os gostos desta pessoa. Aprenda a conhecer o seu mundo. Entre nele se for convidada. Enxergue as cores que a fascinam. Seja receptivo. Ninguém está pedindo pra mudar de time de futebol, de religião, casar-se ou separar-se, nem mudar-se de país. É apenas uma vista. E é o preconceito que afasta as pessoas. O preconceito disfarçado de opinião própria e que desrespeita as diferenças. Existe, por acaso, alguém que tenha razão em tudo? Que faz, sempre, o que é o melhor? Novela, lá de vez em quando, é tão ruim assim? Então, vejo que enxergar apenas o meu mundo próprio pode me proteger das opiniões alheias, das “pescocices” em minha vida, reservam-me ao meu próprio mundo, poupando-me o trabalho de conhecer o novo... Mas isto não faz caminhar à frente. Encaverna a gente...
Ficar trancado pra fora de casa e da nossa casca, pode, muitas vezes, desvestir, desamarrar nós, destrancar passagens, abrir outras portas...

42 asas pra correr uma maratona... levando sonhos de tantos... Já são mais de 87!

As asas estão voando por todos os lados... A festa se aproximando... vou falar pouco... O que não me é comum... Emoções pipocando, fluindo, vindo... Choro? muito! no dia e desde já! Sério! Emociono-me MESMO de ver que a MARATONA DE LONDRINA ACONTECERÁ!
Repito: SONHOS casados com AÇÕES fazem toda a diferença...

Divulgação das asas no blog oficial da Maratona de Londrina:


http://www.maratonadelondrina.com/2011/?p=180

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Divulgando a Maratona de Londrina

Olá!
Estou muito feliz, pois as 42 asas nasceram num momento em que eu procurava uma forma de participar da Maratona em Londrina, um sonho que nasceu em dezembro de 2009, quando conclui minha primeira maratona, como forma de proporcionar que os corredores londrinenses apaixonados por correr, tanto como eu, tivessem a oportunidade de correrem os 42,195km, em casa. Ciente de agravamentos de minhas velhas lesões e a aquisição de novas e de que não voltaria a correr, remeti-me aos anjos... A forma que nós levamos ou somos levado numa corrida quando as pernas não aguentam mais e o coração leva... Fazer anjo, pra quem não conhece, é a expressão usada pra nomear o nobre gesto de levar o amigo que não tem condições de ir sozinho. Onde acompanhar por puro prazer, pura amizade, ou COMPANHEIRISMO, fazem a diferença. E nos fazem concluir um sonho...
As asas estão correndo por aí, antes mesmo da prova acontecer! E algumas pessoas que souberam desta historinha que começou como uma brincadeira entre amigos ganhou espaço e adeptos aderiram a ideia. A meta era conseguir 42 amigos que topassem o desafio de vencer o SEU próprio desafio e me darem carona por 1km em suas asas, correndo simbolicamente 1km pra mim, em pensamento. Já são 67 asas confirmadas no evento do Facebook. E mais umas 20 e tantas fora do face. As pessoas que compreendem a ideia topam fazer o anjo, fazer a asa, pois o grande objetivo é divulgamos que nas corridas, muito além de corrermos com as nossas pernas, corremos com o coração...
O projeto foi divulgado no Paraná Shimbun pelas palavras de Jeniffer Koyama, que para compreender o contexto, leu no blog os bastidores desta maratona. Ela está prestes a acontecer, dia 28 de agosto, Serão muitos novos maratonistas e meio-maratonistas na cidade! Vários que enfrentarão seus primeiros 5km... Serão vários desafios transpostos, limitações superadas. Será inesquecível!
As 42 asas estarão neste grande dia pra divulgar a essência da corrida. O espírito que faz um corredor superar seus desafios, ajudar o outro, levar junto, independente de já conhecê-lo antes, onde cruzar com ele no trajeto pela primeira vez e nunca mais vê-lo. Convido-o a estar presente neste dia. A emoção estampada nos rostos de quem cruza a linha de chegada é algo indescritível, inesquecível e desencadeia um efeito dominó, onde um contagia o outro. Se você nunca assistiu uma corrida, se tem ou não tem amigos que correm, se tem, ou não, familiares nas corridas, ou não tem nada a ver com este mundo alucinado, compareça! Você conhecerá o bastidor das corridas. Marmanjo chorando. Pessoas muito mais velhas que você vencendo seus limites. E, com certeza, se emocionará muito...


Matéria das 42 asas no Paraná Shimbun, de Jennifer Koyama

As 42 asas vem ganhando adeptos... Clique no link para ver:
http://www.paranashimbun.com.br/Cadernos/perfil/2424-perfil-susi-saito

domingo, 14 de agosto de 2011

Somos do tamanho de nossos sonhos! E nossos sonhos, do tamanho de nossos passos


Tornar-se maratonista, ao contrário do que muitos pensam, não envolve apenas a história da trajetória de um corredor que corria percursos menores e, de repente, decide-se a tentar um percurso maior. Muito mais do que um desafio de superação física, conta e revela a história de vida de cada um dos corredores que cruza a linha de chegada.
Uma das primeiras coisas, ou das mais comuns que um maratonista ouve quando acaba a maratona é “O que você ficou pensando durante tanto tempo que você passou correndo?”. Difícil dizer! Vai depender de cada um... Assim como cada um tem a sua própria história que culmina com a conclusão de uma maratona.
A minha história conta, também, a história de superação de bloqueios físicos que se formaram devido a um grave acidente de moto que tive aos 21 anos de idade, recém formada no curso de Educação Física. A partir daí, a minha vida deixou de ser agitada como é comum a uma professora de Educação Física e a alguém da minha idade. Passei longos anos numa vida sedentária, sem nenhum interesse pela atividade física. Pra ser exata, oito anos! Aos poucos fui resgatando coisas em mim que havia deixado de lado que me levaram ao montanhismo e para praticá-lo, era necessário que eu me condicionasse fisicamente. Isso eu fazia com a natação. Até o dia em que meu clube parou de aquecer a piscina...
O que era pra ser uma pedra no sapato acabou sendo a ponta do iceberg que eu não avistava em minha vida! Jamais imaginaria o que me aconteceria a partir dali. Sem piscina para eu me preparar para as minhas viagens, fui “obrigada” a apelar para outra atividade. Por medida de contenção de despesa e do meu próprio tempo disponível, a melhor opção foi começar a caminhar no lago da minha cidade. Correr nunca esteve nos meus planos! Pra falar bem a verdade, eu nem sabia se podia correr. Nunca tinha tido a curiosidade, nem a vontade de perguntar ao meu médico que cuidou de mim desde o meu acidente, se eu podia correr. Logicamente, sempre acreditei que nunca mais poderia. E já que eu nem gostava de correr, nem no meu tempo de atleta, perguntar ou não, não faria diferença nenhuma. Então, nunca perguntei...
Ocorreu então algo inusitado! Um homem de calça arreada, exibindo-se para quem passasse a sua frente! Alertei a minha amiga para ficar atenta com a presença do dito cujo! Ela foi ficando num apavoramento que logo após os primeiros passos saiu em disparada e me ordenou “Susi, vamos correr!”, ao que eu respondi: “Mas eu não sei correr!”. De nada adiantou... Ela já havia disparado na minha frente e só me restou a difícil tarefa de arrastar-me atrás dela! Foi quando eu me dei conta do que havia acabado de fazer: tinha corrido uns 500 metros! Fazia dezenove anos que eu nunca mais tinha corrido! Fiquei deslumbrada com o que havia acabado de acontecer! No dia seguinte, encontrando um amigo meu que me acompanhava algumas vezes na caminhada, contei a ele o acontecido. E para minha surpresa, ele me respondeu: “Bem, se você correu ontem, vai correr comigo hoje!”. Praticamente intimada a isto, não tive escapatória. As palavras dele agiram como um desafio... Algo totalmente novo e fora do planejado. Jamais desejaria, pra mim, correr! Não fosse o incidente e um amigo doido, mais doido do que eu pra me cutucar e me por pra correr, jamais teria feito isso. E todas as vezes que nos encontrávamos eu corria com ele. Trechos que partiram dos 700 iniciais para ao longo de quatro meses culminarem com uma volta inteira no lago. Que significava 2.200 metros!!! Uma das minhas vitórias mais marcantes! Equivalente a qualquer grande prova que eu queira e deseje fazer! Pois eu parti do zero e percorrer a volta toda do lago, significou o desbloqueio emocional que gerou todo o bloqueio físico já existente e nunca curado! Eu não mais caminhava! Eu corria! Dali pra frente, a paixão pela corrida foi ganhando um espaço em minha vida na mesma proporção de ser algo tão improvável e tão impossível de acontecer. Nas férias na praia em Bombinhas, foi um deslumbre! Todos os percursos que eu fazia caminhando, nos outros verões, eu passei a fazer correndo! E sem nem sentir, estava fazendo percursos de uma hora. Em Jaraguá do Sul, tive a minha primeira experiência de “Forest Gump”! Comecei a correr e não parei! Corri pelo Parque da Malwee por 1h45’, sem parar! Era o meu maior tempo até então! Costumo dizer que na corrida, a gente vai ficando atrevidinha! Quando se faz algo meio doido, além da nossa imaginação, perdemos o juízo! E partimos numa ida, invariavelmente, sem volta, para novos desafios...
Dias depois, convidada por um amigo, fui fazer um percurso de 22 km... Incluindo uma subida hiper íngreme e interminável... Acha? Quem eu estava pensando que eu era? Uma corredora, creio eu... E era! Eu só não tinha tomado consciência ainda do fato...
De volta a minha cidade, o lago tornou-se pequeno para as minhas investidas. Rodar os km que eu pretendia, procurar subidas como as que eu encarei nas férias, implicaria em buscar a rua. Caminho sem volta, mais uma vez! Tomei o gosto por queimar asfalto! Correr para mim era sinônimo de liberdade. De sair sem rumo. De correr no meu tempo, sem nada pré-definido. Era algo solo sem ser solitário. Gostava da minha liberdade.
Em agosto de 2008, participei da minha primeira prova. Vi um outdoor na rua que divulgava uma corrida noturna. Achei a idéia muito interessante e me inscrevi. Foi a primeira... Depois de três meses, estava participando da minha primeira meia maratona, em Maringá. Em 2009, vi a divulgação da Meia Maratona das Cataratas e me entusiasmei com a idéia de correr lá! Fomos em quatro. Organização perfeita! Prova, quase o tempo todo na chuva. Delícia! Adoro! Lavou a alma com meu tempo péssimo na Meia de Maringá. Fascinou-me de um jeito que já me programei para a próxima Meia: a do Rio! E então, eis que surge mais uma vez um inesperado! Um amigo virtual chamou-me para participar da Corrida da Graciosa. Logicamente, recusei o convite! Imagine, 20km de subida e eu, fraquíssima em subida... Insistentemente, ele se dispôs a me ajudar a treinar para ela. Passou-me um treino. Desconfiadíssima ainda, afirmei que só iria correr se próximo à data da prova, visse que eu estava dando conta do recado nos treinos. O que envolvia muitas subidas, muitas rampas, muita disciplina e muita dedicação. E fui. E para minha surpresa, fui bem melhor do que eu esperava. Isto me fortaleceu de tal forma... Concluir a Graciosa, sem quebrar, abriu-me uma porta, até então nunca percebida. A das impossibilidades na corrida! Pensar numa prova inconcebível e treinar para ela, crendo que seria possível fazê-la foi algo que mudou a minha vida! Tanto mudou que quando estava nas vésperas da Graciosa, este mesmo amigo que me treinou, começou a atiçar-me para outro feito: a Maratona de Curitiba... Eu sempre tive a firme posição de que a maratona é algo sem lógica, nada atraente para mim, inalcançável, fora de propósito. Não havia por quê eu querer fazer. Fazer pra quê? Não, definitivamente não! Um “não” que durou 2 horas e 20 minutos. O tempo que eu demorei pra concluir a Graciosa. O êxtase de terminar uma prova tão dura e tão singular como ela é, nos endoida um pouco mais! Uma vez mais, deparar-me com algo impossível acontecendo na minha vida, fez-me mais atrevida, de novo! E resolvi aceitar o desafio do meu amigo. Treinar para a maratona de Curitiba!
Quando você tem um alvo definido, seja ele um sonho ou não, se ele for transformado em meta e a partir disto, você estabelecer as etapas que vão te capacitar para chegar a ele, juntar a isso, qualidades próprias aos corredores, leia-se: teimosia, determinação, disciplina, controle próprio, a busca por sonhos, a chance de se chegar ao almejado é muito, muito grande!
O que vejo agora, após quase dois meses de ter concluído esta minha primeira maratona, é que o ser humano tem possibilidades infindáveis a sua frente! E não aproveita seu potencial... Não é à toa que quem começa a caminhar e que vai, aos poucos, incluindo em seus passos uns trotezinhos, vai animando-se e vai, gradativamente, aumentando seus km em corrida, ao mesmo tempo em que vai diminuindo os km de caminhada. A corrida é empolgante! Ouso dizer que exatamente por este motivo que tantos corredores anônimos, assim como eu, estão atrevendo-se a participar de uma prova tão dura. A adrenalina produzida no dia da prova acelera-nos tanto que fazemos muito além do que geralmente podemos.
Decidir-se por fazer uma maratona é antes de tudo, uma opção por desafiar a impossibilidade e torná-la uma vaga lembrança de uma barreira transposta e que nos dá o degrau necessário para transpormos tantas barreiras que nos são impostas na vida! Muito mais do que imaginam os desavisados, concluir uma maratona não é nem de longe uma experiência restrita ao corpo físico. A alma toda é mexida! São horas em que, de fato, somos uma coisa só! O corpo carregando a alma, o espírito flui e nos pegamos orando e conversando com Deus numa tal intimidade absurda, onde ora estamos clamando por forças para terminar a prova, ora nos pegamos cantarolando, agradecendo pela experiência única de estar ali por horas e horas correndo, numa atividade impensável, percorrendo por ruas onde você pode ver todo tipo de pessoas correndo atrás de seus sonhos.
Vi muitas pessoas idosas (idosas? Diria, apenas com alguns km rodados a mais do que nós...), vi pessoas simples, correndo com tênis de nenhuma marca. Vi cadeirantes que corriam sozinhos e vi um que era levado por um corredor em passos largos e velozes. Vi gente dividindo garrafinhas de gatorate pela rua, pessoas oferecendo água ao desconhecido do lado. Pessoas puxando conversa e contando um pouco de seus sonhos a breves companheiros de prova que nunca viram e nunca mais verão! Vi pessoas maravilhosas pelo trajeto que embora não estivessem correndo, eram a platéia animada que lendo nossos nomes nos números, nos chamavam como velhos conhecidos e falavam palavras de incentivo! Crianças que nos aplaudiam e de algum modo nos davam a energia que precisávamos para seguir...
É absurdamente impossível conter em palavras toda emoção de correr uma maratona! Eu, que particularmente sempre fui contra participar de uma, pela impossibilidade que ela representava para mim, ver-me de repente, lá no dia da prova, alongando-me minutos antes da largada, ter meus filhos junto comigo, ver tantas pessoas reluzentes a espera da largada... e me ver ali... Falar da prova em si, é um capítulo a parte! Cada cena é digna de ser contada. Cada lição tirada de cada pequena experiência simboliza lições para a vida toda. Ter amigos que correram a prova de 10 km nos esperando passar lá pelo km 38, nos acenando e tocando em nossas mãos, falando palavras de incentivo, ver pouco a pouca as plaquinhas de km indicando a proximidade da chegada... e por fim, o que pedi a Deus: aquela chuvinha abençoada que me refrescou e me lavou a alma! Lá entre o km 41 e o 42, tive uma experiência inesquecível: por volta do km 39, liguei para minha filha e falei que estava perto do km 40. Ela ficou me aguardando e como via que eu não chegava, me ligou. Atendi o celular quando estava passando pelo km 41. Foi quando a chuva fina começou. Avisei onde estava e desliguei já totalmente tomada pela euforia de estar terminando. Bem próximo, então do km 42, algo que não consigo expressar em palavras. Talvez por imagem se tenha a idéia da cena. Minha filha, driblando a segurança da cerca próxima ao pórtico de chegada, invadiu a rua e veio ao meu encontro naquela chuva que agora, então, caía como Deus mandava! Intensa! Tão intensa como era a minha emoção naquele momento! Acho que ela tentou me abraçar, me dar a mão. Ali, tão próximo da chegada, a gente se encontra num misto indescritível de alegria, choro, emoção, confusão, que eu não consegui lhe dar a mão, acho que com medo de me atrapalhar e não conseguir dar os passos finais. E dali, ela seguiu ao meu lado, debaixo de chuva, os últimos metros dos 42,195 km da minha primeira maratona. Agora, achei a razão para os tais 195 metros finais. Neles pode acontecer a maior emoção de uma longa maratona. Você ser agraciada por Deus de além de estar terminando algo até há pouco tempo impensável, ter ao seu lado as pessoas mais preciosas: junto comigo na rua, minha filha. Do lado de lá, protegendo a câmera da chuva, meu filho. Minhas maiores preciosidades presentes num momento inesquecível em minha vida. Concluir a Maratona de Curitiba remeteu-me a cena onde eu correra pela primeira vez no lago na minha cidade... Tão improvável, quanto possível!
A maior mensagem que alguém que acabou de concluir sua primeira maratona tem a passar é de acreditar que, a todo momento, nos são impostos limites e que nem todos eles são intransponíveis. Quando o coração define um sonho, a mente determina-o como meta, a alma regozija-se em correr atrás dele. Numa mágica que só acontece aos que crêem e perseguem seus sonhos, surge uma força até então não conhecida, que nos capacita a transpor barreira por barreira, rumo ao sonho. É quando a FÉ entra em ação! Aquele sentimento que crê, ainda que tudo indique ser impossível. É da junção dessa paixão que nos move a buscar o sonho e da fé que crê e que alimenta a esperança de se chegar ao que se almeja que se constrói a base sólida para se buscar com sucesso. Perseverar! Ter convicção de que se pode chegar lá! Entre querer e fazer uma maratona existe a distância exata contida na palavra determinação. Muitos querem, poucos são os que buscam conseguir. Muitos sonham, poucos são os que acreditam em seus sonhos e vivem para realizá-los. O apenas sonhador debruça-se sob as estrelas e espera uma delas cair do céu em suas mãos. O sonhador-realizador contempla-as e, através da sua luz, segue o caminho que o leva até elas! Este é o maratonista! Somos do tamanho de nossos sonhos! E nossos sonhos, do tamanho de nossos passos. Realizá-los só depende de se dar o primeiro passo...
P.S. Em tempo: foram 19 anos desde o meu acidente até a primeira corrida no lago, após deparar-me com um visitante indesejável. Quatro meses para sair dos 700 m iniciais e conseguir dar a volta completa de 2.200m no lago da minha cidade. Um ano e meio após a primeira corridinha, completei a minha primeira meia maratona e mais um ano depois, completei a minha primeira maratona em Curitiba! Novo sonho? Correr uma maratona oficial em minha cidade... Impossível? Não! Impossível só existe no vocabulário dos descrentes na Fé, dos que já morreram ou dos que perderam a batalha sem nem ela acontecer!
Os sonhos podem ficar adormecidos, mas uma vez despertados, são como caixas desenterradas após um terremoto... Respiram o novo ar, inflam-se! Não retornam aos seus lugares, jamais! Ganham o espaço, cá fora e aqui permanecerão! Para expandirem-se, tomarem forma e nos levar por vôos ainda não experimentados...


Novo sonho? Correr uma maratona oficial em minha cidade... Impossível? Não...

Eu sonho correr de novo, um dia... Desejinho egoísta MEU! Vejo estes clics, onde eu corria, abria os braços e me sentia, como se estivesse voando... Talvez, com as 42 asas, meu vôo que não sinto mais em minhas pernas se prolongue nas pernas de tantos anjos que aderiram a brincadeira das asas. E ISTO por si só já basta! Dói, não vou mentir, olhar pras mesmas ruas, os mesmos caminhos por onde eu passava e não poder passar por eles correndo... A sensação de liberdade do vento na cara, do sair sem destino, de levantar junto com o sol, ou até mesmo antes dele, pra sair pra correr, enquanto a maioria ainda se espreguiça na cama... Naquela loucura que nos é típica de se sentir um pouco normal quando se cruzava no orkut, no face logo de manhã, lá pelas 5h e ver que não é o único maluco acordando e se arrumando pra pegar o asfalto... De sair pra encarar busão ou avião pra ir pra bem longe, ou nem tanto assim, de carro, de carona, de van nas corridas do SESC, ou nas mais elaboradas de revezamento na praia - as que mais adoro!!!!! - e, mesmo voltando arregaçado pra casa, moído, de pernas esgotadas, de ter o coração leve... sorriso no rosto, a sensação deliciosa de querer fazer tudo, tudo de novo!!! Pode ser que esta retirada, somente agora obedecida, após tantas e tantas recomendações de recuar... diminuir... me levem a um ponto de equilíbrio... Eu sei que eu exagerei! Dento das minhas limitadas pernocas, cheias de lesões antigas e sérias, jamais haveria prognóstico que se atrevesse a dizer que eu faria tudo o que eu fiz! Na empolgação de fazer tantas outras coisas mais, acumulei outras novas lesões! Mas, por mais insano que possa ser ou parecer, EU FARIA TUDO DE NOVO! Sofro, sim, as conseqüências de minhas decisões. E delas, apenas EU sou a responsável. Um médico pode alertar, orientar, dar as broncas. A decisão, porém, é sempre a gente mesmo quem toma! Se me dissessem que tudo isso aconteceria, primeiro, eu não acreditaria. Seria demais para mim... Muitos impossíveis, muita maluquice, sonhos além da minha imaginação! E se me dissessem, logo após eu concluir tantas destas loucuras que eu pararia, ainda assim, eu seguiria. Foi assim que fiz! Foi-me falado dos riscos. Na época do Orkut, eu ainda brincava: “Prefiro correr o risco! Literalmente falando...” Corri o risco, joguei as fichas, perdi! Não posso fazer aquilo que aprendi a gostar tanto e tanto! Estive pensando que ESTE tempo será vagaroso e bem mais penoso de se passar. Pois antes, eu não conhecia o gosto bom da corrida. Não sonhava, nem queria correr. Quando comecei, foi obra do acaso, pra quem conhece o acaso com o nome de Deus. Cada dia era uma novidade. Cada km a mais, um degrau superado. O caminho só de ida. Apenas de subida. E tudo era ganho. Hoje, para quem já passou por aquela sensação curiosa que eu chamo brincando de “Complexo de Forrest Gump”, de correr, correr, correr e não conseguir parar de correr, de ficar horas por aí, sem hora pra voltar, sem destino pra seguir, apenas planando no vento... E que sair de casa pra correr menos de uma hora parecia não ter mais sentido, poder correr quinze minutos, pra mim seria uma grande vitória! Que dirá, se puder correr uma hora, sem dor, sem me machucar mais! Aí, converteria meu sonho, meu grande sonho solo de fazer o K42 em k12. Uma adaptação merecida, sensata, se bem que eu pisco ainda, nos meus momentos insanos, pensando em fazê-lo, nem que seja andando... Mas isso, é uma outra história! Porque hoje, meus olhos focam o asfalto, de cima de uma bike que tem sido minha fiel e grande companheira e, como se fosse uma parceira eternamente apaixonada pela primeira paixão, estou com uma, olhando e desejando a outra... Mas o vento na cara me vem, o sol e o céu me presenteiam a cada pedalada e ainda não tive o prazer de pedalar na chuva, como fazia quando corria e me esbaldava em ver a chuva caindo enquanto eu corria, tal qual foi na minha chegada na minha primeira maratona, baita presentão de Deus pra fechar a minha corrida mais inesquecível, a corrida mais marcante da minha vida! Mas talvez seja, porque não haja entre nós, a tal da cumplicidade. A corrida me fascina. A bike me dá suporte, me leva, mas ainda não é um prolongamento das minhas pernas...
Não custa acreditar naquilo que parece ser inconcebível! Não é sempre assim? Utopias? Parentes mais próximas dos sonhos? Às vezes, nos meus momentos mais insanos, tenho vontade de chegar do serviço, calçar os tênis, como eu sempre fazia e sair por aí, à noite! Começando num passinho tímido... comedido... e ver no que dá! Brinco, dizendo que meus pés só doem descalços! Para andar descalça, manipulando-o, apertando-o nas mãos. Mas que de tênis não dói! Que andar de tênis não dói. E que se a loucura falar mais forte, uma hora perco a cabeça e saio! Queria ter coragem de sair pra ouvir meu corpo, de novo! Se ele gritaria de dor ou prazer... E se me permitiria ser uma corredora uma vez mais. Não precisava ser pra ser de novo maratonista. Porque isso, uma vez alcançado, ninguém toma de volta mais! Mas pra sair, tomar um vento na cara, alcançar as mesmas ruas de outrora, sem tanta loucura, mas com a mesma sede viver!
Quando concluí a minha primeira maratona e escrevi pra Revista contra Relógio, o texto que foi publicado na edição de março de 2010, tinha em sua íntegra a confissão de um sonho:
“P.S. Em tempo: foram 19 anos desde o meu acidente até a primeira corrida no lago, após deparar-me com um visitante indesejável. Quatro meses para sair dos 700 m iniciais e conseguir dar a volta completa de 2.200m no lago da minha cidade. Um ano e meio após a primeira corridinha, completei a minha primeira meia maratona e mais um ano depois, completei a minha primeira maratona em Curitiba! Novo sonho? Correr uma maratona oficial em minha cidade... Impossível? Não! Impossível só existe no vocabulário dos descrentes na Fé, dos que já morreram ou dos que perderam a batalha sem nem ela acontecer!”
E toda vez que leio este dito trechinho, me emociono! Caraca! Sério... E não vou corrê-la com minhas próprias pernas. Mas por existirem os anjos na vida e na corrida, correrei! Nas 42 asas pra correr uma maratona. E se Deus, um dia, me contar tudo direitinho a razão, talvez eu compreenda. Creio que já esteja entendendo. Se eu estivesse em treino para a maratona, as 42 asas não existiriam, A corrida seria um objetivo individual, egoísta, meu. E eu não conseguiria repartir com os outros esta minha paixão por correr!
Que assim, seja!



sábado, 13 de agosto de 2011

Maratona da Vida


A maratona é o retrato da vida da gente. Ali naquelas horas, nossa vida passa em nossa mente como um filme. Estar ali, correndo, soa a estar fora de nós mesmos vendo o filme passar. Os 42,195km não são, na realidade, o total do percurso percorrido. Este número diz respeito ao número de anos que colecionamos, ao número de dias que, de fato, vivemos. Aos tantos momentos em que fomos, sinceramente, felizes, que gargalhamos, que sorrimos com olhos e lábios, que pudemos pronunciar as palavras “Eu te amo” às pessoas que, verdadeiramente amamos... Isto significa despirmo-nos de vestes vergonhosas ou orgulhosas que nos impediam de falar aos nossos pais que os amávamos, antes deles falecerem. A falar e demonstrar que amamos irmãos e irmãs, por mais difícil que seja aceitar os seus defeitinhos. E a amarmos incondicionalmente aos nossos filhos, caminho que nos proporciona momentos tão ternos e lindos que, se bem cultivados, nos permitem vivenciar, efetivamente, a colheita despretensiosa de vivermos cenas tão carregadas de emoção.

Maratona de Curitiba – 22 de novembro de 2009



A maratona mudou minha vida!!!
“Se você quer correr, corra uma milha. Se você quer experimentar uma outra vida, corra uma MARATONA”. (Emil Zatopek) Finalmente tirei um tempinho para comprar fotos da maratona... Ela, ainda, a maratona... As 4 horas e meia mais impressionantes e, interessantemente, as mais indescritíveis... Você pensa que é incapaz de certas coisas. Vem alguém que cai sei lá de que lugar do planeta e diz q você consegue... Aí, meio que desafiada, fica com aquilo te cutucando, coçando... E no fundinho da alma, começa a CRER... Este é o segredo! A FÉ nasce desta capacidade de crermos, ainda q seja tudo invisível, inconcebível, inacreditável, impossível! Não fosse assim, não seria fé. Seria apenas uma constatação de fatos q se observa! (Marcos Gagliardi, você foi o primeiro que acreditou que eu faria maratona e me fez crer!)



Não quis, nem planejei que um dia correria uma maratona! Mas no momento que meu coração fez esta opção, este IMPOSSÍVEL, passou a ter outro nome: SONHO. Qd foram determinados os passos q eu teria de caminhar para chegar até ele, tomou outro nome: META. Qd caminhei, obedeci ao treino imposto, segui os passos, dediquei-me, passou a ser: OBJETIVO. Qd estava lá correndo há horas, bem próximo de terminar, a névoa ganhando forma e tudo ficando claro à minha frente, passo a passo, fui tomando posse do que passou a ser pra mim algo chamado: REALIDADE. Qd cruzei o pórtico de chegada, EU passei a ter outro nome: MARATONISTA!

A vida impõe dificuldades a todos! A vida não se mostra clara na maior parte do tempo. Topamos com “muros”, tais quais os dos 30 km na maratona. Dá vontade de não prosseguir, entregar os pontos... Ou se fazer de cego surdo e mudo ao que nos diz o coração... Não sei bem se temos de desafiar o curso natural das coisas, ou se temos de estar atentos a ele e seguirmos nele. Algumas vezes, qd tudo, parece indicar um caminho inevitável e você, no fundinho da alma, quer seguir por outro, é preciso ter coragem suficiente para nadar contra a maré. Noutras vezes, quando você sabe que já está nadando contra o que te pede o coração, é preciso reconhecer que não está buscando seus sonhos, seu amor, não está vivendo a SUA VIDA... Ter sido agraciada por Deus, tendo tido a oportunidade de correr uma maratona é algo inacreditável acontecendo com minhas próprias pernas, com meu coração, com minha alma e por minha decisão...



A maratona mudou minha vida? Sim, definitivamente, sim! Porque se cria que para DEUS não há impossíveis, hoje vivi eu mesma o impossível acontecendo! É esta capacidade inacreditável que nasce no coração do ser humano que move montanhas. Porque ela tem um nome que se origina dAquele que realiza os impossíveis em nossas vidas.

A FÉ nasce no coração dos homens que crêem em Deus. Não se baseia na lógica do pensamento humano, pois seria totalmente limitada! A FÉ não considera os nossos motivos, as nossas afirmações, as nossas infinitas justificativas. E sendo assim, nos reserva surpresas. São aqueles segundos, aqueles poucos minutos, as poucas horas que vc vive que valem por toda vida.

Quem pode correr uma maratona? Aquele que desejá-la, que tomá-la como SONHO, que transformá-la em META, que defini-la como OBJETIVO, que corrê-la para torná-la REALIDADE e que DECIDIR-SE QUE PODE FAZÊ-LA...



Ter sonhos e AMOR no coração nos faz alcançar o inalcançável. Realizar o impossível, viver o impensável... Sem sonhos, sem amor, não se vive... passa-se pela vida!


Link do album ilustrado da Maratona da Vida no orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=458439891227199035&aid=1265219190

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ajustes finais! jantar de massas IN OFF e 42 asas pra correr uma maratona; as nossas asinhas!

JANTAR DE MASSAS:

Tá saindo um local massa! Quem tiver interesse, me procure no meu face, ok? Ou responda esta msg! Será proximo da largada, pra facilitar pra galera de fora, que se hospedara nos hoteis proximos ao Catuai. Em torno de 25 pila, cardapio de massas, bebidas nao inclusas. Ainda estou fechando. Tudo in off! Pra colaborar com os amigos corredores de fora, que querem dicas e querem confraternizar!



42 ASASA PRA CORRER UMA MARATONA:

Sobre o que usaremos para identificar os que aderiram ao evento das 42 asas, já vou adiantando... Bottons!!! Pode ser que precise de uma contribuição voluntária, tipo 1 real cada, só para os custos da encomenda! Tá ficando dez! Logo vou passar mais informaçòes sobre o jantar, os bottons, as fotos, e registros desta historia lnda possibilitada por cada um de vcs!



Logo confirmo local pra levantar quantas pessoas irao querer participar do jantar de massas, pois havera um numero limtado, devido ao tamanho do restaurante. E sobre as asas, vou fazer novo contato breve!

K 42... Sonho adiado...

E pensar que cada trecho deste, tenho como o quintal de minha casa.. Cada cantinho narrado, pedacinho pisados por mim e meus filhos há tantos anos, em nossas ferias! E percorrido, primeiro pedalando, caminhando e depois, correndo... E, há uns meses, sonhando que estaria fazendo o K42... Mas, ao vivo, todo sonho é possivel! Ao morto, todo sono bem-vindo! Dormir em vida? Só pra recuperar a energia!
Ainda que a palavra para a minha pergunta "se posso voltar a correr, um dia" seja um "NÃO", creio numa forma de fazer o K42... Será correndo com as pernas, ou será correndo em linhas, com as palavras minhas??? O tempo irá dizer...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Festival de Musica - Lyra de Tautí



Digo que quem tem convicção, convence! Quem, de fato, crê naquilo que faz, ou diz, ou defende, convence! Contagia! Transmite o brilho dos olhos, a paixão e, não raras vezes, faz despertar no outro a alegria, a paixão adormecida por algo que andava esquecido...
Fui assistir a Lyra de Tatui sem saber o que encontraria. Era apenas mais uma das apresentaçoes do Festival de Musica de Londrina que aprendi a apreciar com minha mãe que foi violinista numa orquestra antiiiiga de Londrina e pianista em casa. Qual não foi minha surpresa, grata e bela surpresa ao ver olhinhos brilhantes de crianças e jovens dentre 9 e 19 anos fazendo algo que lhes remete diretamente da alma ao coraçao de quem os ouve, vê e recebe deles a mensagem "é preciso se apaixonar a cada dia pro aqulo que se faz"! O tempo deve ser passado fazendo coisas que se gosta, se tem prazer. Procurar descobrir sua paixão, ou apaixonar-se por aquilo que se faz... A música fala à alma... E nos faz viajar... Desperta emoções. Desequilibra a calma. Dá cor. Quebra a rotina e o silêncio. ao mesmo temp em que faz tudo isso ao contrário! Depende da sintonia e da sinfonia do seu coração...
Vale conferir. Lyra de Tatui; um banho abundante de paixão, compromisso de um mestre na arte de ensinar e despertar talentos e do afluir musicalmente o que vai por dentro...

Treino Coletivo para a Maratona de Londrina - Primeira parte da maratona, trecho da meia.

treino coletivo agregando tribos!

Treino Coletivo pra Maratona de Londrina

Festival de Musica de Londrina - Lyra de Tatuí



Grata surpresa assitita a Lyra de Tatui!

domingo, 7 de agosto de 2011

Percurso comentado da Maratona de Londrina

Percurso Comentado da Maratona de Londrina
Bem, como já postei, anteriormente, a primeira metade da maratona que compreende os 21 de quem virá para fazer a Meia Maratona de Londrina está de escorregar até o final e correr soltinho, de boa, pois após o km 17, próximo à Catedral, bem no centro histórico de Londrina, não há mais nenhuma subida. Nada, nada! Saindo dela, passa-se pela Praça Tomi Nakagawa, lá pelo km 18 e aí é abrir um sorrisão pra concluir a meia. A Avenida Duque de Caxias, que conduzirá pelos últimos 3km diretamente à chegada, será de planos e descida, mesmo! Agora, continuarei a descrever, exatamente neste modo que me é típico, correndo com os olhos do coração, muito mais do que com as pernas...
Bem, vamos lá!
Chegando ao Centro Cívico, onde está programada para acontecer a chegada e “ajuntamento” dos concluintes da meia para que possam ser levados até a Chegada Principal, no Shopping Catuai, que é onde os maratonistas concluirão a prova, você estará próximo do Lago 1. O primeiro dos lagos do conjunto que compõem o nosso Lago Igapó. É de se imaginar, então, que a altitude aí seja das mais baixas de todo o perfil altimétrico da prova. Pois, então. Agora se inicia a corrida técnica que definirá o sucesso da prova. Se é que por sucesso, compreenda-se, terminá-la sem quebrar, sem andar, sem muitas dores, sem desistir dela. É a hora de se reabastecer de energia e focar firme o final da prova. O cenário é dos mais agradáveis. É comparável ao Parque Barigui de Curitiba. Muito verde, lago, pessoas se jogando, nos dias de verão, na água, a despeito de placas de “Proibido nadar” e pessoas pescando, passando o tempo relaxadas! É o nosso cartão postal oficial. E, também, o primeiro palco dos primeiros a se atreverem a caminhar e praticar o Cooper, décadas atrás...
Ladeando o lago 1, chegamos à barragem que será vista de longe. De ladinho! Pois contornando a rotatória da Rua Heródoto, o percurso segue por um breve pedaço da Bélgica. Pra logo em seguida, quebrar a esquerda e começar a saída dos lagos. Há uma subidinha curta, porém chata, neste trecho. É o começo da Portugal! Indo por ela, cruzaremos a Avenida Inglaterra, em direção à Via Expressa, ou Avenida Dez de Dezembro. De cara já se vê o Parque Municipal Arthur Thomas (km24), área verde, cercada e preservada, onde o calor, que se apresentará nesta altura, poderá ser um pouco amenizado. Com o sol pegando de lado, mais ao norte, como acontece no inverno, dará para se correr rente ao parque, evitando o solzão na cabeça! O percurso prosseguirá pelo bairro Piza, onde se localiza uma das sedes da UNOPAR, uma das patrocinadoras do evento. A volta se dará na última rua, após passar na frente desta universidade. O retorno pela Avenida Europa, na contra-mão é em meio ao bairro residencial, uma leve subida até chegar de volta à via expressa.
A entrada na Dez de Dezembro indicará a proximidade do km 30. O tal muro dos 30. E o caminho para se chegar a ele é longo e em aclive... A Dez de Dezembro termina na rotatória de acesso ao Cafezal. Mas a subida prossegue um pouco mais. Por volta da curva da rotatória será hora de centrar a cabeça na meta, hidratar-se, reabastecer-se, a seu critério, de gel, ou algo mais. A organização prevê a entrega de frutas, isotônico, sal mineral e gel, neste ponto. É bom não recusar! Pois saindo dali, você avistará uma longa descida... e uma longa e inevitável subida, de aproximadamente 600/800m! Nesta altura, o percurso estará na marginal da rodovia que mais à frente, situa-se o Catuaí Shopping. Mas há uma longa caminhada, no caso, uma corrida até ele. No topo da subida, contornando o acesso ao Jardim Botânico, inicia-se um trecho bastante agradável: a Avenida dos Expedicionários que tem a função, somente de levar até o Jardim Botânico. Como o início deste trecho é em descida, fazendo um “L”, você poderá observar a cidade de longe, o cenário rural da cidade, os condomínios espalhados na região sul. O ar também parece ser mais “puro” por ali. É um local que os corredores, bikers e praticantes de skate, ou long line de plantão têm usado para seus treinos e façanhas! O asfalto está de primeira e lá embaixo haverá, segundo a organização, distribuição de frutas, esponjas, água, isotônico, sal e gel. Dica: Não recuse! Há chão pela frente ainda! E em subida...
O acesso ao Jardim botânico perfaz 2km de ida e 2km de volta. Ou seja, para sair dali, retornando pelo mesmo acesso, você cruzará com os maratonistas chegando. Entra o “psicológico” para quem ainda está na ida... Pois, assim como na Meia do Rio, da Yescom, na altura do Flamengo, onde se cruza com o pórtico do outro lado e estamos ainda no km 15, tendo ainda 3km para ir 3km para voltar, ou no percurso de POA, quando cruzávamos com o km 38, ao estarmos ainda no 22, é preciso ter determinação para não desanimar! A subida pode judiar um pouco aí, pois a rodagem estará em torno do km 33. O primeiro km é em subida moderada e o km seguinte alterna um plano com leve descida. Fora do Jardim Botânico, o percurso segue atravessando a rodovia e adentrando na Waldemar Spronger! Digo que ali, na ponta da avenida há uma das vistas mais belas da cidade. Nos nossos treinos de manhãzinha, ou nos noturnos em que eu treinava sozinha à noite, passar ali, proporcionava um deslumbramento para a gente que é de Londrina. A cidade é uma cidade moçoila, jovem. Com seus 70 e poucos anos. Mas, ao contrário do que lhe era previsto, cresceu “a rodo”, tornado-se uma jovem adulta, pulsante e bonita! Muitas vezes, só temos esta noção, ao observarmos a cidade de longe... Tal qual quando paramos para observar um filho que dorme, o quanto ele cresceu e nem reparamos... E é ai que se tem esta oportunidade! A visão do centro velho de longe, os prédios no alto da cidade, o entorno dos bairros e, bem ao longe, as áreas rurais pinceladas de terra ainda, verde e plantações. É uma fração de segundo. Mas bem nesta esquina pode se ver tudo isso. Lógico que dependendo da concentração, do cansaço e da distração, nada disso será observado. Mas fica a dica! A Waldemar Spronger anuncia um merecido descanso de subidas! Cerca de 800m de descida boa! Solta, em avenida larga e arejada! Não há muitas casas construídas neste trecho e a vista, realmente, alcança longe... Dali, a direção é a Adhemar de Barros que é a rua central de nossa Saturday Night, muito bem organizada pela Katja, da Atmosfera Eventos e uma das primeiras provas que saíram do habitual em nossa cidade! Para mim, boa lembrança, pois foi nela que debutei nas corridas, em agosto de 2008! A Adhemar levará os maratonistas por uma descida leve e, em seguida, a uma leve subida, curta e um plano em curva, aproximando-se do cruzamento da Avenida Higienópolis. Novamente, estaremos próximos à região dos lagos. Porém, sem passar ao lado dele. O caminho segue pela Caracas e a subida vai, novamente, dando o seu ar da graça. Neste ponto, é bom dosar muito bem sua passada. De longe, se vê o final da rua, que cruzará com outras perpendiculares até chegar à principal que é a Avenida Ayrton Senna. Aos desavisados, cuidado! A Rua Caracas indica a subida moderada dela, mas não revela que, ao final, ao se sair dela, haverá a subida mais forte do percurso todo. São cerca de 500m, somente. Mas respeitáveis! As rampas das planilhas, geralmente, são treinadas ali, além de estradinhas rurais com aclive maior e mais longo. Quando você sai da Caracas e vira a esquerda, dá de cara com a Ayrton... Calma! Respire fundo, muito fundo, foque que lá no alto, bem no topo da avenida você avistará um chafariz! E não será uma miragem!!! É real! Tão real quanto a vontade que, com certeza, muitos terão de passar, literalmente, por dentro dela para refrescarem-se para os km finais! É a passagem do km 39, aproximadamente! De cima do chafariz, têm-se, finalmente, a visão da chegada! Pode-se, então, dar um refresco nas pernas, pois haverá uma descida boa que aponta o Catuai, lá no alto! Eu disse: “lá no alto!” Ou seja, vá com calma. Ainda há uma pequena subida. A passagem por baixo do viaduto da rodovia e a curva à direita já é o tão esperado presságio de estar chegando. Mas a chegada se dá com uma volta por trás do Shopping, adentrando nele pelo acesso da Avenida Terras de Santana. Para quem ainda está com fôlego, ou consegue dar uma última relaxada, aproveite a vista. De lá,se enxerga longe! A vista rural da cidade, ar fresco, muito vento, pois é um dos pontos mais altos da cidade. A chegada se fará passando-se pelo estacionamento coberto, tal qual foi na corrida do Catuaí Run, no segundo semestre do ano passado. Saindo do estacionamento coberto, eis o pórtico, enfim! Parabéns! Você concluiu a Primeira Maratona de Londrina. A maratona que nasceu no coração de gente que tem paixão por correr. Que corre usando, além das pernas, o coração! E por isso, quis um dia que sua cidade tivesse, também, uma maratona! Pois ir, somente, pra fora, pra correr em outras cidades, traz uma alegria “individual”! Mas poder ver uma maratona acontecer, hoje, em sua cidade natal, semeia sonhos nos olhos de toda gente que for capaz de sentir o que correr proporciona. Muito além do suor, da prática da atividade física, dos tantos amigos e conhecidos, correr alimenta a alma! E sonhar e concluir uma maratona, independente do quanto se demore a fazê-lo é algo indescritível, impensável e POSSÍVEL a muito mais gente do que se possa imaginar. Pois as histórias de maratonistas, invariavelmente, revelam histórias e histórias de superação. Gente que por algum motivo, não andava, não era atleta, com históricos de obesidade, alcoolismo, doenças, pobreza de alma, de sonhos de vida. E que, ao terem a corrida em suas vidas, encontraram mais do que um motivo para praticarem a atividade física. Mas reencontraram a vontade de viver e viver bem! E ir muito, muito longe... Muito além dos 42,195km...
Espero que este relato comentado possa colaborar e dar o empurrãozinho que faltava a toda gente que ainda estava em dúvida se valeria a pena tentar fazer uma maratona. Vale! Sempre vale! E as dificuldades enfrentadas sempre servirão para aprendizados e para o aprimoramento.
Boas corridas, boa prova! Espero vocês por aqui!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O menino que não queria ser herói

Todo mundo quer ser herói! Havia um que não queria ser. É desumano ser herói. E só isso bastaria para entender o seu desespero, quase seu apelo em não querer ser, diante da incredulidade de toda uma gente acostumada a atos heróicos...

Vou contar a história dele...

Quem já não viu, em sua vida, um menininho vestindo qualquer malhinha e amarrando um pano vermelho no pescoço, feito capa, dar uma de Super Homem, Super “Alguma-Coisa”? Quem já não desejou ter super poderes para voar, ver através de paredes, auto-transportar-se, ser muito forte para bater num cara mal, ou até simplesmente para nunca envelhecer? Parece coisa de criança, mas o que acontece é que, adultos, continuamos vivendo a eterna vontade de sermos Super Heróis, desejando ser aquilo que não conseguimos ser. Ou que, no fundo, não desejamos ser, mas que parece ser mais bonito, pra todo mundo, que sejamos.

Não falo dos nossos sonhos mais íntimos, aqueles que, tantas vezes, temos até vergonha de dizermos que sonhamos. Falo de papéis! Do agir “politicamente” correto. E, sentimentalmente, num ato auto-mutilante, num suicídio disfarçado de ato de heroísmo.
Havia um menino que nasceu, feito rapa-de-tacho, numa família já um pouco numerosa, mas cujos pais, já em idade avançada, já não esperavam mais que fossem receber mais um bebê. Começa aí a história do não querer ser herói. O que todo mundo espera? Nossa! Que bebê mais lindo! Que graça! Veio tarde, mas amamos mesmo assim. Será um presente pra nós termos uma criancinha em nossa casa agora... E todos os comportamentos “corretos” vão sendo desenhados, de acordo com o que todos esperam ser o correto.

Digo que ser herói, ao contrário do que se prega, não é ser um cara bom que se preocupa com todos e que deve ter um coração de ouro. Ao contrário, tem de ter um coração de aço! Que não sinta, e não tenha sentimentos! Porque fazer algo pelos outros, a consciência manda. A obrigação aponta. Os super poderes permitem... Mas não é necessário ter sentimentos! Se tivesse, não o faria. Como? Alguém não se lembra do dilema do Super Homem ao amar a Lois Lane e de querer, simplesmente, ser um simples mortal e não poder, porque nasceu para ser um super Herói e, portanto, um desumano, e não poder? Primeiro porque sua identidade é secreta... Dá pra acreditar? Viver escondendo sempre e pra sempre a sua verdadeira identidade? Fazer de conta que se é um e não ser? Vestir-se em alguns momentos de outro personagem para fazer atos heróicos e levar uma vidinha medíocre, boba, ignorando seus próprios sentimentos? Eu pergunto: que graça tem, ter super poderes e não poder amar de verdade? Ahhhhhhh! Mas aí me dirão: Mas o super Homem amou a Lois Lane! Amou? Que tipo de amor é este que não pode ser vivido? Amor platônico? Que não pode ser declarado ao ser que se ama porque ele tem de guardar seu segredo eterno???

Amar está diretamente ligado à capacidade de se assumi-lo, decidir-se por vivê-lo, a despeito das dificuldades que virão! Porque virão! Nunca, ninguém falou que seria fácil viver. E quem decide por viver, de verdade, não encontrará, nunca, um caminho mais fácil, Porque o caminho mais fácil não leva à vida, mas à morte em vida. Ao acabrunhamento, à vida morna e cinza...
Querer ser herói é optar por ser insensível! Não ter seus próprios desejos e sentimentos. É optar por viver somente pelos outros. Fazendo sempre o que os outros esperam que você faça! E há muito mais gente vivendo assim, do que imagina a vã humanidade...
Então, eu pergunto: Isto é bonito? Heróico? Executável?

Corajoso para mim é quem assume que não é capaz de continuar a representar os papéis que sempre lhe atribuíram. A dar um basta nesta história de que todo mundo tem de ser herói. E em nenhum momento estou dizendo sobre parar de acreditar em buscar coisas que parecem ser inatingíveis. Estas são os sonhos. Atos heróicos são barbaridades que nos enfiam, goela abaixo e que carregamos como tijolos entalados na garganta, quando não conseguimos cumpri-los. Como se fôssemos culpados por sermos, meramente, humanos. E quem me mostrou isto, foi este menino que gritava aos quatro ventos: “Não quero ser um herói!”.

O menino cresceu ouvindo o que toda boa família poderia dizer sobre a vida, sobre o quê fazer, estudar, o que seriam as coisas a seguir em seu curso normal da vida. Acontece que o destino pregou uma peça nele. Por já ser o mais novo, conforme ia seguindo na sua adolescência, viu todos os seus irmãos e irmãs saindo da casa de seus pais, ao se casarem e formarem suas famílias. Então, passou a ser a única companhia mais jovem na casa e, conseqüentemente, conforme a idade avançava para os dois, pai e mãe, foi absorvendo todas as responsabilidades em cuidar de ambos e da casa também! Curso natural das coisas? Sim, na maioria dos casos. Quantos de nós, não nos vimos invertendo papéis com seus pais, tendo de vigiá-los se comiam certo, se já estavam dormindo, fazendo-lhes comida, dando-lhes banho e até mesmo carregando-os para o médico, hospital, ou adormecendo ao lado deles, na preocupação por estarem adoentados? Mas, o tempo prepara as pessoas para isso! As etapas quando acontecem, naturalmente, vão incutindo nas pessoas a paciência para doarem-se, pois já cursaram um caminho onde foram cuidados, cuidaram de filhos e sabem que os próximos da fila, após seus próprios pais, serão eles próprios... Acontece que, quando não se trilhou a própria vida ainda, não se pôde sair em busca de seus próprios sonhos, suas próprias ambições, criar seu próprio projeto de vida e lutar por eles sem o menor remorso de estar fazendo o que lhe é de direito e lhe é imposto de cumprir o papel do o que é o certo a se fazer, todo mundo fica esperando que surja debaixo da sua carcaça, a figura de um herói resignado que, esquecendo-se de seus próprios sentimentos, suas vaidades, suas verdades, abdique de sua vida própria para, sorridentemente, viver em função do outro. Ainda que o outro, seja o próprio pai e a própria mãe!

Fácil é, resignar-se e passar a interpretar o papel que todos esperam que o bom filho cumpra... Pois ouvirá de todo lado, elogios, frases de admiração que levarão seu ego lá pra cima, voando... Difícil é, assumir-se cheio de defeitos! E ser o anti-herói que tem sentimentos, sonhos, vontade de sair correndo, tomar vento na cara, viajar, fazer loucuras, não ter hora pra voltar, não dar satisfação, não ter que fazer, sempre, só o que lhe pedem, só o que é a vontade dos outros, estar sozinho ou acompanhado de outras companhias que não sejam somente seus pais! Quem não sabe direito a história ainda se atreverá a julgá-lo! Falta de sentimento, de amor ao próximo... Próximo? Onde ele está nesta longa fila de próximos em que todos devem ser ouvidos e atendidos, menos ele próprio?

Conhecem doenças? Que debilitam. Que causam dependências. Que tornam pessoas em seres mau-humorados. Que tornam pessoas em vozes ranzinzas onde nada está bom ou bem feito? Conhecem o Alzheimer? Que torna a pessoa que você tanto admirou em sua infância, a pessoa que te deu colo e sempre foi a alma da família, a pessoa sorridente que acalmava os ânimos das brigas entre irmãos, que acolhia nos choros de criança, que ouvia nas noites adentro sobre qualquer bobagem acontecida, ou uma dúvida, angústia, numa pessoa totalmente estranha??? Que se esquece do que acabou de dizer a exatos cinco minutos atrás? Que te pergunta a mesma coisa repetidas vezes, que vira-se para o outro lado e pergunta a mesma coisa, ainda uma vez mais? Que você não reconhece mais, nem olhando no mais profundo de seus olhos??? Conhecem o sofrimento de querer estar bem longe pra não ter de enxergar dia-a-dia o definhar e a decadência da vida das pessoas que já foram seus heróis quando você era criança? De querer fechar os olhos, somente para não ter de ver que a vida deles está esvaindo-se, bem diante de seus olhos, cada vez mais e mais, dia após dia? E de SENTIR, SOFRER e somente não querer mais continuar a sofrer? E não ter outra opção, nem ninguém que te substitua neste papel, nesta casa e que você nunca tenha a quem recorrer, a reclamar, a dizer que não agüenta mais, que quer respirar, sair, ficar longe, porque qualquer um que você disser isso irá te recriminar, te apontar o dedo, mas que nenhum, nenhum, destes que te julga, ou condena, trocaria de lugar com você? Porque tem mil e umas desculpas para justificar porque a vida deles é muito mais difícil que a sua. E porque você, sendo o que tem menos responsabilidades, pois afinal ainda não tem filhos, é a pessoa mais indicada a continuar a cumprir este papel, que só você vê que não é só seu?

Coragem é assumir-se totalmente falhível, errante, com vontades próprias e sentimentos latentes lá dentro. De possuir sonhos. E de que não quer, não pode, não consegue fazer somente a vontade dos outros! Coragem é descobrir que se é, apenas, humano, sem grandes super poderes que se tem até sentimentos simples e comuns e que não se é aquela fortaleza que faz tudo pelos outros até acima de qualquer sentimento, vontade e sonho bobo, mas que todo mundo tem ou tem o direito de ter! Este menino existe, sofre, se culpa e tem vontade de sumir. Mas não é de morrer! Porque, ao contrário do que ele pensa, ele tem é sede de viver! Somente! Viver, sem culpa nenhuma. E não há nada de extraordinário, ou criminoso nisto! E ele só se libertará, no momento em que se desamarrar destas tantas teias que tecem sobre ele, como se ele tivesse de envelhecer junto, ser ranzinza junto, e passar pelo corredor do esquecimento, assim como o Alzheimer corrói e leva seus personagens por uma névoa, embora, deixando-se levar a si mesmo...

Não digo aqui, como se o culpado fosse ele mesmo. Porque dizer pelo lado de fora, é muito fácil, como se fosse eu, mais uma a julgá-lo e condená-lo. Vejo, diariamente, pessoas que abdicam de viver suas próprias vidas para cuidarem de familiares próximos e nem tão próximos assim. Porque isto lhes dá a carta de alforria de, um dia, se cobrarem “o que foi que fizeram de suas próprias vidas”! Porque se, ao chegarem ao final de suas vidas, alguém lhe perguntar “Ah! Mas você não viveu um amor?” ou “Você nunca trabalhou ou fez algo que realmente queria?“ Você terá o álibi de dizer “Não, não pude. Tive de cuidar de meus pais, eram doentes...” ou “Não pude, cuidei de pessoas ao longo da minha vida, não era humanamente possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo..” ao invés de dizer “Não tive coragem de viver...”. Porque ser humano passou a ser condenado e bonito é, querer ser o Super Herói da vida de ninguém... Porque, ao final do episódio, todo mundo esquece, desliga seus sensores de assistir à vida alheia e você descobre que você é alvo de ser visto e falado, apenas enquanto está em cena. E que o pano cai, a televisão desliga, o capítulo se encerra e a vida também. E que a vida é única, queira ou não, independente de como cada um crê, religiosamente, sobre quantas vidas se tem para viver e o que tem de ser feito tem de ser no agora, porque, chavão seja dito, o amanhã pode ser tarde...


Anti herói? É mais sincero. Justo. Mais humano. Porque, verdade seja repetida: ser herói é se desumano. Prefiro a sinceridade, a falibilidade dos anti heróis! Porque, estes, possuem sentimentos...