Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 31 de dezembro de 2011

Virando a chave!

Sofazinho de casa, após um “almanta” das 3h da tarde, assim como na praia...
Ouvindo o ensaio dos shows no lago, daqui de casa!
“Preguiçando”, só à toa, sem horário, sem estresse, nem obrigações...
Hora de ficar no meio do corredor! Nem lá, nem cá!
Já vivi batendo cabeça, ora demais, ora de menos! Houve anos em que se eu não tivesse saído pra correr no “último dia” do ano me sentiria frustrada! Uma vez que correr se tornou a minha grande paixão, não faria sentido eu passar logo o “ultimo dia” longe disso! E o que devia me causar prazer, me enclausurava, me aprisionava em obrigações, planilhas, horários militares de treino, onde eu tinha de cumprir regras e não percebia o quanto havia apenas trocado de jaula. Antes, eu ficava enjaulada do lado de dentro. Agora, ficava enjaulada do lado de fora. Pensava que estava livre... Mas sempre que houver a obrigação antes do prazer, a prisão se instala...

O dia 31 de dezembro é fatídico! Ele costuma carregar um peso nas costas onde a ele é atribuído o papel de delimitar fins e inícios! O divisor de águas da vida de todos!
Todo mundo que não consegue tomar decisões nos 364 dias do ano, costuma esperar o último dia do ano pra decidir fazê-lo. É o regime que não se inicia nunca. É a corridinha que o médico mandou fazer e que a preguiça não deixa. É aqueeeeela faxina na casa que você sempre adia. É a visita à tia doente que você sempre esquece. A caridade que parece ter dia marcado no ano pra acontecer. É o “cuidar-se” que você ignora. É o amor que você não se decide a viver. Como se a esperança tivesse de ter dia certo pra nascer e existir.
Tudo bem, tudo bem! Temos o costume de viver em ciclos! E sendo ciclo, ao se chegar ao último dia do ano, é natural que queiramos recomeçar algo que paramos, ou iniciar algo nunca antes experimentado. Mas repito: não precisamos restringir isto, estas decisões tão saudáveis a um dia somente do ano! Porque corremos um grande risco: se por um acaso, não conseguirmos fazer o pretendido neste dia 1 de janeiro, é como se ficássemos fadados a continuar o resto dos 364 dias do ano, de novo, numa rotina auto-agressiva, autodestrutiva, como se tivéssemos de fazer um tudo-ou-nada! É preciso ser mais razoável consigo mesmo...
É interessante ver como as mensagens de “tudo de bom” se propagam nestes dias! Nas redes, nos blogs, as palavras amenizam-se, há um ar de tolerância, de “baixar a guarda” e instala-se um clima de cordialidade geral. Não raro, nas festas em família, após os comes, os bebes –e-bebes-e-bebes, os ânimos se elevam e algumas gracinhas mal pensadas e mal recebidas ocasionem umas brigas novelísticas. E dá-lhes xingamentos! E todo aquele ar de “Feliz ano Novo” vai embora ralo abaixo, esgoto adentro! É que a palavra dita da boca pra fora, não é vivida vida e boca pra dentro. E sendo assim, votos de felicidade são apenas vômitos! Pré-bebedeira. Pré-ressaca. E o dia 31 torna-se, de novo, mais um dia infeliz no ano.
Sou a favor da reflexão tipo “Retrospectiva 2011”. É saudável! Tendo bom senso, conseguimos fazer um balanço particular de nossas vidas e peneirar. Deixar o ouro pra cima da peneira e guardá-lo como tesouro que é e deixar ir embora a sujeira. Mas creio que neste mundo atual tão exposto das redes, tão rápido como um clic, onde você posta agora e já aparece o teu nome com um “agora”, ou um “segundos atrás” denunciando que você acabou de “curtir”, comentar, postar, as sensações são muito imediatizadas e as expectativas, inevitavelmente, também! Espera-se o retorno de nossas ações imediatamente! E nós não somos, de fato, maquininhas de clics que registram e divulgam nossas reações. Não! Nossa alma necessita, vagarosamente, saborear cada sensação... Digerir... Para, só depois, reagir! E tão rápido quanto reagimos, os expomos! Vivemos no mundo de Trumann, onde contamos virtualmente o que estamos fazendo, pensando e sentindo... Uma faca de dois gumes! Pois assim como podemos receber solidariedade, apoio, ou palavras de carinho, podemos criar um círculo vicioso de dependência de um mundo virtual, em detrimento do real que nos rodeia de perto. E expomos decisões, muito mais do que decidimos mesmo! Temos a necessidade de dizer, muito maior do que fazer! E caímos num erro comum. Falamos da boca pra fora e não decidimos coração adentro! Resultado: não agimos com nossas atitudes. Triste!
Se você realmente quer testar sua capacidade de começar o ano com ATITUDE, anote aí o que fez na virada, no dia 1, no dia 2 e vá anotando o que fez consecutivamente... Muita gente tem dificuldade de dar a partida e virar a chave já é um bom começo. Mas manter o carro ligado, abastecê-lo quando o combustível começa a acabar, cuidar dos pneus, estar atento aos sons e ruídos do carro e manter o carro no centro da estrada exige muito mais do que só o simples movimento do girar a chave...
Que o dia 31 com suas luzes, fogos e tanta energia que reina não seja apenas uma fotografia a ser postada depois. Retrato da festa vivida. Que seja a continuação de uma viagem já iniciada e que continua, por quanto tempo for o seu tempo de estrada! E que o que acontece hoje seja apenas uma parada para reabastecer de energia, um tanque que nunca fica vazio, que a musica ouvida na viagem seja eclética e variada para não enjoar e proporcione ritmos diferentes pra se dançar. E que a esperança não desande no dia seguinte, pois sem ela, não se tem fé pra seguir, acreditar e realizar!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Hora da virada: que seja a cada dia!

Bem... 24 horas e estaremos na contagem regressiva para virar o ano!
Se você tem enroscos pra trás, ainda da tempo de pedir perdão ou perdoar. Dizer "eu te amo" pro amor de vocês, pro pai ranzinza, pra mãe que pega no pé, pro irmão que você não fala há tempos. Pro filho/filha que não fala a mesma língua que vocês. Nem escrita, nem gestual, nem falada, porque, talvez, um dos dois passe muito tempo na frente da tv, ou do pc, ou de não sei o quê!
Os tempos evoluem, mas se deixarmos, ele afasta as pessoas que a amamos. Já amei, já perdi, já amei de novo, não reconheci e, hoje, decido a cada dia amar incondicionalmente! E, mesmo assim, erro! E se não houver paciência, humildade, se perde o amor, o bonde, o dia...
Em torno de nós há pessoas próximas que não enxergamos. Há outras que ignoramos. E permitimos pessoas serem invisíveis ao nosso lado! Há de se enxergar o próximo como a si mesmo! Há de se enxergar lá dentro, o que se passa em seu mais intimo, para não deixar amores partirem sem terem sido amados completamente! Pior que nunca ter amado, é amar e não reconhecer o amor. Deixar que ele se vá, sem saber que foi seu amor! Triste, também, é não saber aceitar o amor de pais que não são exatamente pais que gostaríamos de ter. E passar a vida toda lamentando por não ter quem se queria ao lado. E não perceber que não se é também, a pessoa que eles queriam com eles.
Definitivamente, perdemos tempo com coisa boba. E pra ser feliz, é preciso coisa pouca!
Que cada um de vocês, tenha o segundinho decisivo para acordar e ver com novos olhos as mesmas pessoas que estão ao seu lado. Porque pode ser que não seja a pessoa que seja a errada em sua vida. Pode ser que seja o ângulo que você olha para ela... Mas e se for a pessoa errada, que se possa ter a coragem e tomar a decisão para mudar o rumo da vida. O botão do
“play” esta nas nossas mãos...
Que as indecisões possam virar decisões. Que o que foi até agora adiado, aconteça! Que cada um desperte em si mesmo a vontade de prosseguir, ainda que tudo te empurre a desistir!
A vida é cada instante. O ano de 2012 esta apenas começando. E toda esta vontade de começarmos bem o ano não pode morrer no dia 2... Que toda esta vontade que toma conta de cada um em acertar o pé, o passo, o amor, a vida, seja perene. Pois que seja eterna enquanto dure a vida.
Feliz 2012, 2013, 2000 e sempre!

Lar é aquele lugarzinho onde você está no agora, o invólucro do seu coração.

Olha só: deitada na rede (quase não gosto!), na sacada (prioridade número um do novo lar), de férias (necessidade básica do ser humano para sobreviver ao ano!) e escrevendo no note (por si, só, já é bom!) para minha filha (aí, sem comentários...)... Preciso mais??? Ta, ta, tudo bem que se fosse numa cadeira de praia, em Bombinhas seria tri melhor. Mas a gente tem que estar feliz onde está até poder ir pra outro lugar. E estou aqui num lugar que adoro, sonhamos estar um dia, vencemos a luta para estarmos (Deus por nós!) e não deixa de ter um cheiro de praia se posso ficar aqui à toa, a paisana, sem relógio, celular, sem agenda pra seguir e tão pertinho do “meu” lago que adoro!

Existe um velho ditado que diz que somos aquilo que sonhamos! Verdade absoluta! Pois acredito que se nem sonhamos, nem existimos! Pois sem ter os olhos brilhando por algo a ser conquistado, o coração não tem pra onde mirar seu caminho. Da mesma forma, somos aquilo que permitimos ser, no lugar que permanecemos por querer! E NÓS fazemos o lugar onde estamos. E se é bom ir pra praia, pode ser bom estar em minha cidade, em minha casa, desde que eu me decida por isso! Digo sempre que temos duas opções a cada instante: ser feliz, ou ser infeliz! E isto é vero! Ficar aqui me lamuriando porque este ano quis realizar um grande sonho, o de ter um lar, e não pude ir para um lugar que adoro, que sempre digo brincando (toda brincadeira brinca de dizer a verdade..) que é meu lar, de verdade? Férias, há anos, tem sido sinônimo para nós de estar em Bombinhas... Este ano não deu. Então, decisão tomada, vou ser feliz aqui em Londrina!

Nossa passagem de ano tem sido em Bombinhas há tanto tempo, salvo exceções umas poucas vezes nestes treze anos. Praia, mar, montanha, sossego, camping, nossa casa de vinte metros quadrados e o cheiro de lar no ar... Das quatro vezes que não passamos em Bombinhas, apenas duas vezes foram em Londrina. E é estranho ser daqui e nem saber como é a passagem de ano aqui! Programei de passar a virada no lago! Algo bem familiar pra mim que tive tantas histórias minhas ali. Cresci indo pescar com meu pai na margem do lago um, na parte velha do lago, próxima à barragem. Lá também fui fotografar pores-do-sol, também passeei com um namorado da adolescência no cartão postal da cidade, também me apaixonei e me desapaixonei ali na margem e me apaixonei novamente pela caminhada, pela corrida, por pessoas apaixonadas pela corrida. O lago tem uma história particular de amor comigo. Foi lá que nasceu a Maratona de Londrina, às margens da cachoeirinha, que rendeu um evento que mexeu tanto e tanto com a cidade! Quem que me conhece que viu a maratona acontecer e que não se lembrou de mim? Ali tive alegrias, choros, vitórias e superações! Ali passeei com minha mãe já doentinha, pegando flores e pitangas para ela. Colhi e comi pitangas com amigos que fiz e nunca esqueci, comi amoras, acerolas. Ali passeei com amigos e amigas, Ouvi desabafos e desabafei! Ouvi e fui ouvida. Socorri e fui socorrida! Caminhei, corri e pedalei! Fiz amigos, colhi amigos. Ali nasci de novo para muitas coisas! Deixar amores pra trás. Começar novos amores! Conversar com minha filha em momentos de alegria pura e de indecisão absoluta! O lago faz parte da minha vida como palco que é da vida! Assim, vai ser marcante começar o ano novo ali, do ladinho dele! Tendo-o debaixo dos meus pés, como minha morada de agora. Não importa os lares que terei e sonho. Bombinhas é meu sonho! Mas o hoje me apresenta um novo lar. E estar aqui será simbólico. Pra fincar um pouco as raízes que sempre me neguei a criar aqui. E, vivenciando o que eu mesma escrevi, não ter medo de fincar raízes. Outros lugares estarão sempre ali para eu mirar e ir. É preciso ter ousadia pra ir pra outros lugares e ares. Mas também é preciso ter foco para se manter no ninho, esperando o tempo certo para seguir depois. Talvez, a vida me esteja sendo, como sempre, metafórica! E brinque comigo de fazer-me perder o medo de “criar vínculos”. Não é de todo ruim! Ter o porto seguro. A pessoa que espera. O lugar pra retornar.
Londrina é meu lar! Isto não me impede de ter Bombinhas no coração e desenhar sonhos... Mas, hoje, descobri que não preciso ter medo de criar raízes, ter vínculos, estar num lugar no presente, com pessoas que me amam e que posso amar! Dizia sempre que amar é decisão! Pois bem! Ter um lar também é uma decisão! E mesmo que um dia, eu deseje estar noutro lugar, tenho de tornar o lugar onde estou no agora, o meu lar.
Ano novo chegando... Decisões... Caminhos... Algumas coisas acontecem sem bem você admitir que já fazem parte do seu caminho. E já fazem!

domingo, 25 de dezembro de 2011

O que te é um presente?

Estava lendo o que Walcyr Carrasco escreveu na Época. Sobre os amigos secretos tão comuns nesta época de confraternização de final de ano, nas empresas, nos grupos de amigos e até nas reuniões de família que optam por esta “brincadeira” para substituir a velha troca de presentes tão dispendiosa para todos que andam com os bolsos meio vazios. Acontece que não há quem não tenha uma história hilária pra contar sobre isto. E ele, conta alguns episódios que passou.

Não é à tona que alguns, hoje, substituem a velha brincadeira por outra modalidade; o “inimigo secreto” que se é pra sacanear, que seja escancarado e todos possam ter o direito da réplica, tréplica, e aproveitem para inventar presentes que tenham como objetivo, dar coisas engraçadas e manter o espírito esportivo de brincar, trocar presentes e “roubá-los” uns dos outros! Assim, as pessoas deixam de comprar presentes com medo de errarem, de desagradar, procuram presentes que sejam disputados para serem roubados, melhorando o tipo de presente comprado. E mais: como todo mundo vai ver o que foi comprado, dificilmente vai se levar algo chimbim, ou que foi um presente já rejeitado em outros natais, ou amigos secretos. Como acontece, de fato. Pois há quem compre qualquer coisa correndo, porque se esqueceu de comprar algo pensando na pessoa que tirou, ou pegue algo em promoção, sem nem saber se será do agrado da pessoa. Ou pior! Desenterre do fundo do guarda roupa, aquela velha sacola de plástico cheia de presentes recebidos em outros carnavais que ganhou, não gostou e só não passou pra frente, pra reaproveitá-los dando-os para outras pessoas nestes “inofensivos” amigos secretos... É a reciclagem de presentes! Uma boa idéia pra outras confraternizações: Amigo secreto – presente reciclado! Quem sabe um bazar/brechó? Já fizemos isto uma vez em nosso grupo de corrida! Um bazar entre amigos, onde combinamos de levar objetos, roupas, calçados, bolsas que não usássemos mais – em boas condições de uso! – para vendermos e comprarmos a preços módicos/simbólicos para brincarmos e termos mimos com cara de novo!

Bem, o texto bem humorado de Walcyr Carrasco segue falando dos micos e das roubadas em dar ou receber presentes. Coitada, sempre coitada da mãe sem sexo, sem vaidade, sem gosto e que, resignadamente, segue ano após ano ganhando coisas para casa... Tem lá ela, por acaso, cara de casa? Tem? Cara de cozinha, área de serviço, ou armário de cozinha? Para que, insistentemente, seu marido ou filhos, ou genros, ou noras lhe dêem, com a maior cara de satisfação, um fogão novo, uma geladeira, um microondas, ou pra piorar, uma batedeira, liquidificador, cafeteira, dentre tantos ítens para uma dona de casa? Tem dó!!! Antes de tudo, mulher é mulher! Cheia de desejos, de vaidades, vontades secretas... Como Walcyr conta, ela ainda olha o presente e diz: “Eu estava mesmo precisando disso...”. Se bem que eu gosto de atribuir a ELA – esta mulher que não se manifesta e engole o que não quer – parte da culpa por receber coisas que não sejam para ela, mas para a mulher que os outros querem perto, por lhes ser conveniente... Quem não quer uma super cozinheira por perto? Super equipada com os melhores equipamentos eletrônicos para armazenar, preparar e aprimorar a comidinha nossa de cada dia? Hã??? Há de se dar o grito de liberdade e dizer “Eu quero aquele vestido carésimo daquela loja chiquérrima que custa, nada mais e nada menos do que... o valor de uma geladeira... Exageros a parte, presente também não é dar um jogo de furadeira ao marido, a não ser que brincar de marceneiro lhe seja parte de seu lazer. Ou dar material escolar aos filhos, cuecas, meias que já iam ser compradas mesmo. Salvo quando você sabe que a pessoa está doida para ter algo que não pode comprar, vale lhe dar algo útil, por ser desejado. Mas, definitivamente, presente não é algo que a casa precisa. Mas é algo que seja um desejo quase secreto, muitas vezes, uma bobice, um supérfluo desnecessário (vale a redundância para frisar a inutilidade do produto para quem olha e dá, em indireta proporção a quem o recebe!).

Dar presente é uma arte. E sabe bem o que é isso quem é capaz de comprar algo com olhos de apaixonado que está louco para conquistar a pessoa. Naqueles momentos únicos que não são, necessariamente, atrelados a uma data especial como aniversário, natal, dia dos namorados, aniversário de namoro, casamento ou enrolamento. Daquelas raras oportunidades quando você está à toa e vê algo que, na hora, te lembre a pessoa e você não resiste e compra. Só pelo prazer de entregar o presente certo de despertar no outro, uma cara de espanto e de derretimento, um sorriso de satisfação e ver seus olhos brilhando de alegria! Como criança que ganha um brinquedo tão cobiçado...

Dar presente tem que ser encarado como algo onde você pré-sente que a pessoa que vai receber adorará o que você deu! E você pré-sinta que acertou! Chego a acreditar que a melhor parte do ganhar um presente seja a surpresa que isto nos causa. Pois presente não precisa ser tão somente, um objeto. Pode ser um bilhete, um cartão, uma visita surpresa, um passeio. Pode ser até uma declaração. De algo subentendido e nunca declarado. Pode ser uma mudança de rumo. Uma decisão. Com certeza, tem que causar um frisson no coração. E como o nome já diz, é um pré-sentimento. Tem que mexer no coração, senão, não é um PRE-SENTE!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal: tempo de resgatar as raízes...

Quando criança, minhas lembranças de Natal me remetem ao piano de minha mão, posto no meio da sala que, durante o ano todo, ficava cheio de enfeites e adornos, mas que no mês de dezembro davam lugar aos pequenos personagens de louça que representavam os presentes no presépio no dia de Natal. Não sei, exatamente, se eram peças confeccionadas para este fim, mas lembravam José, Maria, o menino Jesus, os Reis Magos, os Pastores, os animais na estrebaria. Além do presépio simples que ela montava, pequenino como era o tamanho destas estatuetas, fazia arranjos com pinhas, fitas vermelhas guardadas de presentes anteriores até de anos passados, arrumados em pratinhos de papelão prateado que eram um luxo naquela época! Muitas vezes, cortava pequenos galhos de pinheiros ou ciprestes do clube aonde íamos (a ACEL – alguém lembra?) e enfeitava estes arranjos! Tínhamos também, arranjos feitos como trabalhos de escola, uma vela feita de papelão enrolado, coladinho de macarrãozinho e pintado com tinta brilhante prateada. Sobre o piano, então, ela ajeitava cuidadosamente a Árvore de Natal! Aquilo, além do presépio, representava algo mágico! Lembro perfeitamente da embalagem de papelão de onde, todo ano, retirávamos a árvore para ser montada e na qual, todo ano a guardávamos para voltar a usar no ano seguinte. E das caixas de papelão com divisórias que todo ano ela retirava de cima do guarda-roupa, onde ficavam guardadas as bolas da árvore de Natal! Eram lindas! Feitas daquele material tão frágil, somente tínhamos autorização de manusear se já fossemos bem cuidadosas para ajudá-la na montagem da árvore de natal! Já naquela época, as bolas eram especiais, pois não se resumiam a forma de bola. Havia bolas com reentrâncias, pontudas, imitando estrelas, com brilhos e de diversas cores. Também havia enfeites de plástico nos quais pendurávamos sininhos coloridos e um enfeite prateado que era ajeitado sobre os galhos da árvore para dar brilho e mais o algodão que imitava a neve sobre estes mesmos galhos! Interessante que todo ano usávamos a mesma árvore, as mesmas bolas e enfeites, o mesmo algodão. Sempre era arrumada sobre o piano! E toda véspera de natal íamos dormir de olho no piano, ansiosas por acordarmos e corrermos para ele na manhã seguinte para ver se nossos presentes haviam sido deixados pelo Papai Noel ali naquela noite, debaixo da árvore, sobre o piano de minha mãe! Acreditávamos em Papai Noel e escrevíamos cartinhas a ele para pedirmos nosso presente! Com o passar do tempo, nós mesmas, as filhas, nos encarregávamos de montar a árvore! E mantínhamos o costume, a tradição, cientes do verdadeiro significado do Natal. E prepararmos a casa para esperar o Natal fazia parte de um ritual de final de ano que nos mantinha unidas para aguardar um dia especial.

Quando saí de casa, mantive o mesmo costume da fantasia em torno do natal e seus personagens. Depois de um tempo, “acordada” quanto ao sentido comercial do Papai Noel, do esquecimento do verdadeiro sentido pelas famílias, acabei deixando de lado estes velhos costumes e minha casa passou a não receber qualquer enfeite natalino. Havia a justificativa religiosa de que todo costume natalino, na verdade, tem a origem pagã. E dentro deste princípio, deixei de falar de Papai Noel, de usar guirlandas na porta de casa e colorir com luzinhas a frente da casa. Foi um tempo exageradamente radical quanto aos costumes. Serviu para delimitar onde entra um personagem e onde deve entrar ou sair o outro! Mas admito, deixar de enfeitar a casa, como minha mãe fazia fez-me perder meu elo com as raízes deste dia em minha vida. E, hoje, parei para relembrar...

O que vejo, então, é uma inversão de valores. Somos devorados pela imposição do “compre-compre-compre” e é óbvio que a figura de Jesus na manjedoura não ajuda vender nada, até atrapalha, pois o Rei dos reis nascido num cenário tão simples como este, desmistifica que riqueza, posses, presentes seja símbolo ou sinônimo de felicidade e que, na simplicidade encontramos a verdade e a paz. E, logicamente, a figura de um “bom velhinho” que confecciona em sua oficina brinquedos para levar às crianças, sem cobrar nada (!!!), seja bem melhor de venda aos pais que se descabelam pra conseguir adquirir o presente pedido por seus pimpolhos ao Papai Noel.

Opiniões à parte, sobre o certo e o errado no Natal, vejo o que acredito ser o principal: somos raiz e fruto! Carregamos o que nossos pais nos ensinaram e passaram por seus modelos de vida e somos fruto que repassa estes mesmos valores aos filhos. Muito mais do que a troca de presentes entre os familiares, é preciso “estar presente”! O tempo que se passa junto resulta em lembranças, histórias a se contar depois. Risadas, sorrisos, a ternura de vivenciar, por palavras, cenas vividas em outros tempos e com pessoas que nem estão mais conosco. Os presentes vão se quebrando, estragando, sendo consumidos, acabam. Deixam de existir... Tempo passado junto, ser presente na vida do outro é algo que é levado sempre dentro do coração. É esta lembrança boa que nos fortalece num momento como este, onde minha filha está a tantos quilômetros de distância, a tantas horas de vôo. Quando gostaríamos muito de estar juntos e não podemos. Pois nos fortalecemos, exatamente como combustível que nos abastece para irmos usando, aos poucos, na hora de termos aquela reserva de energia, quando pensamos que não conseguiremos ir além. Veja bem: não são os presentes materiais que minha filha levou com ela na bagagem para se sentir perto de mim e de sua família. São nossas conversas de madrugada. Ou aquelas costuradas de dia, nas nossas andanças de mãos dadas, nas viagens de janela escancarada, vento, música e sorrisão no rosto, ou de choro repartido.

Natal em família é aquele em que mesmo se estando longe, tem-se a certeza de estar junto! Duas pessoas fundamentais pra mim não estarão presentes comigo neste Natal: minha mãe e minha filha. E, curiosamente, são destas duas que mais me lembro neste natal hoje. Porque em datas assim, que mexem com todos, quando queremos estar com quem mais amamos, ficamos sensíveis! Observadores. Pensativos. Mergulhamos em lembranças. E saímos no dia seguinte fortalecidos. Pois quem imagina o natal de maneira egoísta, comercial apenas, sem dividir nada com ninguém, nunca terá nada além do que vê a sua frente no momento “agora”. Não compartilha, não dá, nem recebe nada. Não fica mais pobre, mas também não enriquece nunca. É tempo, enfim, de dar o que há de melhor em si próprio aos outros. Pode ser o sorriso ao estranho que passa, o bom dia/boa tarde/boa noite, a mão que deseja o “Feliz Natal” ao mendigo, ao pedinte que nunca espera nada de ninguém, uma bolachinhas enfeitadas de glacê em forma de coisinhas de natal, uma comidinha simples (como polenta!) feitinha com carinho pra família, o abraço ao irmão que veio de longe e você nunca vê e conversa, a horinha gasta numa boa conversa com aquele vizinho já mais idoso e carente de companhia, a paciência com seu pai ou mãe, ainda vivos e que já não escutam direito, já não lhes são “úteis”, que implicam com tudo, são teimosos, insistentes, mas que querem apenas estar mais um natal junto...

Quando a única perspectiva que se tem a frente é esperar o trem parar para descer, qualquer atenção ou carinho faz bem. Faça deste natal a concretização de decisões do tipo “vou tratar melhor minha mãe”, “vou ajudar, sem reclamar, meu colega de trabalho”, “vou parar de querer ganhar tanto dinheiro para meu filho usufruir amanhã, para brincar de bola com ele hoje“, ”vou fazer bolinhos de chuva para comer com meus filhos, sem medir as calorias a serem gastas depois”, “vou sorrir mais e resmungar menos”.
Creio eu, que neste natal e em todos os dias do ano estamos precisando mais de atitudes do que de presentes que você dá, já com aquela frase “se não te servir, você pode passar na loja tal pra trocar por algo que você quer!” As pessoas carecem mais de gestos, palavras, atitudes do que qualquer algo material que o dinheiro compre.
Pense nisso! Faça! Não protele. Aja! Sinta, respire fundo, absorva toda energia que existe a sua volta e você nem vê e abasteça-se. Distribua bons-dias, boas-tardes, como-vai-você. Não economize sorrisos. Pense duas vezes antes de falar algo maldoso que só vai fazer uma coisa: derrubar aquele que for ouvir. Toda energia boa – e a má – que você distribui, converte de volta pra você. Não é uma questão de esoterismo. Longe disso! É uma questão física da lei da ação e reação. Do tornar e do retorno. Você é aquilo que você fala (ou vomita!) E crie, incessantemente, uma aura a sua volta. Ela será um campo fértil para que as pessoas acreditem, realmente, naquilo que você fala com suas ações e suas atitudes, muito mais do que com suas palavras e um escudo para te proteger daquilo que não te fará bem!
Tenha um Natal inesquecível, repleto de pontinhos a serem iniciados para um trilhar que o leve na busca de ver, depois, que a vida vale a pena!
Deus no comando, você caminhando e os sonhos fluindo...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Novo blog! Cartas para minha filha...

Iniciando, hoje, novo blog para concentrar nele, as cartas do meu Diário de Porto. O porto seguro que somos quando um filho parte em busca de seus sonhos. E lá, ela escreverá seu Diário de Bordo, pra registrar sua viagem tão sonhada. Para que um dia, quando a canseira lhe bater e tudo lhe indicar que não vale a pena acreditar em sonhos, ela possa ter a certeza de ter realizado sonhos. E que eles são possíveis, sim!

Que aqui se inicie o registro do amor que une e compartilha sonhos e realizações. Que seja o nosso registro para seguirmos juntas, ainda que distantes. Pois o amor faz destas coisas.
Quem fica, nunca fica só, de fato e quem parte, nunca segue sozinho!


Para acessar, basta clicar no título deste post!
Ou acessar:

http://www.cartasparaquemeuamo.blogspot.com/

domingo, 11 de dezembro de 2011

Meia hora apenas!

Qual é a medida de meia hora? Quanto vale, quanto nela cabe? Qual a diferença que meia hora pode fazer?

Quando você trava certas lutas com o tempo, qualquer tempo faz diferença. São cinco minutos de bobeira e você perde o trem. Uns segundos de indecisão e você perde o cavalo branco. Alguns minutinhos a mais e a comida queima. Frações de segundos e um acidente acontece com você e a vida evapora-se. Ou com alguém que você nunca quis pensar em ficar sem. O tempo liberta e aprisiona. Adequar-se a ele é uma necessidade de sobrevivência. De manter-se vivo, manter amores existentes, de saber esperar, de saber a hora certa. Não saber respeitar o tempo do outro lança grades em seu entorno e aprisiona o que devia ser espontâneo. Angustia, comprime, pressiona...

Meia hora pra quem corre pode significar uma corridinha rápida de 5km, um pouco mais, um pouco menos. De reabastecimento de energia, contraditoriamente à energia que se gasta. Pois faz minar água pelos poros que lava a alma, ainda que a distância não seja tanta. Mas serve pra dar o gás bom pra se enfrentar o dia de trabalho.

Meia hora significa pra quem nada, uns mil metros. Um pouco mais, um pouco menos. Depende da rapidez, do objetivo, do nado que você usa. Já te traz o benefício da disposição, do sair da inércia. E, acumulado, resulta em muito mais saúde.

Meia hora no trânsito significa filas imensas a frente, trânsito amarrado, atrasos para ir e vir. Estresse, caras feias, acidentes, gente apressada gesticulando e se irritando e a necessidade de se testar a paciência por não ter saído meia hora atrás.

Meia hora por dia dedicada a uma caminhada, ginástica, alongamento significam mais disposição, menos dores, vida mais saudável.

Meia hora pode ser a medida exata de uma conversa decisiva. Para definir o rumo de um amor que se inicia ou para dar fim a uma história que poderia durar muito. Meia hora faz nascer e faz morrer, depende o que se diz, o que se faz nesta meia hora. Mas uma coisa é certa: quando se contraria o coração dizendo aquilo que não se quer, de verdade, é inevitável estragar coisas que não se queria perder.

Meia hora é pouco tempo e é também tempo demais! E nem sempre o tempo volta atrás!

Saudade...

Não sei se é lenda, mas já ouvi dizer que a palavra “saudade” é uma expressão genuinamente brasileira que, assim como outras palavras, não pode ser traduzida em seu completo teor para outras línguas.

Tive a oportunidade de hospedar e passar por dois dias, em contato com uma chinesa, intercambista que morou nos últimos três meses e meio com minha filha. Ela fala fluentemente em inglês e bem em português, dentro do que pode aprender nestes meses em nosso país. Eu converso razoavelmente em inglês, mas sei que no intercâmbio dela, pela AISEC, o mesmo pelo qual minha filha viajará, o objetivo deles é desenvolver nossa língua e não nós aprendermos a dela, ou o inglês. E, apesar de gostar muito de praticar o “meu inglês” quando há a oportunidade, aproveitei para ensinar várias coisas a ela, o tempo que passei e passeei com ela em Londrina.

É nestas horas que você percebe a peculiaridade da “Língua Brasileira”! Tá, tá legal, oficialmente, usamos a Língua “Portuguesa”, o que discordo totalmente, pois temos uma individualidade lingüística que nos difere imensamente da língua falada naquele país. Mas, a exemplo de tantos outros, colonizados por ingleses, franceses e portugueses, temos de dizer que nossa “língua” falada é a deles... Denominações a parte, é quando estamos prestando atenção no nosso modo de falar para ensinar a um estrangeiro a nossa língua que percebemos estas peculiaridades e palavras como “saudade” aparecem para serem explicadas...

Bem, “I miss you” não é exatamente “sinto saudade de você”. Significa “sentir falta”. Mas pode parecer bobagem minha, mas não contém todo o sentimento da palavra “saudade”. Vou permitir-me viajar neste pequeno vocábulo. Saudade vai muito mais além... Diria que você já começa a sentir saudade, antes mesmo de ver a pessoa partir, por tanto amor que sente por ela. É uma sensação física que aperta o coração, comprime-o, tal é a ligação que você possui com a pessoa. Algo que extrapola explicações físicas de convivência, motivos racionalmente compreensíveis dentro daquele espaço incompreensível de “tempo e espaço”.

Saudade é a continuidade do amor, a sua perpetuação, quando não se pode ter a pessoa amada ao lado. Ou aquilo que você sente quando, no que vivo hoje, você permite que um serzinho que você ama tanto e tanto vá voar pra tão longe, pra buscar seu sonho maior do momento, o de ir conhecer outros ares, outros mares, outros lugares. E é neste momento que o amor mistura-se à saudade, numa mostra excepcional de amar acima de tudo, num sentimento desegoísta onde você opta por estar longe da pessoa amada por entender que seus olhos brilharão noutro lugar, suas asas se expandirão, o vento a levará por vôos nunca antes experimentados e tão desejados. Hora de abrir seus braços, nos quais a manteve segura por anos e anos, quem você ama tanto para deixá-la ir, deixá-la voar...

Já houve o momento onde eu chorei muito, como se nunca mais fosse vê-la, muito embora ela fosse morar a apenas 100k de casa, quando foi estudar em outra cidade. Quem já nos viu na imagem da minha chegada em minha primeira maratona em Curitiba, debaixo da chuva, o clic tão conhecido que roda por aí, nos vê nos últimos metros, correndo lado a lado, sorrindo uma pra outra, numa sintonia tão indescritível quanto perceptível, que revela um amor imenso que nos mantém unidas e conectadas apesar da distância física que, agora, por dois meses e meio, será muito, muito maior. Hoje, não é um momento de choro. O coração acostuma-se a ter a pessoa amada longe, quando sabe que para ela, é o tempo de “construir-se”, receber tudo o que lhe permitirá, depois, seguir. Posso até dizer que irei junto. Pois o amor tem destas coisas! A gente vai junto. E mantém a pessoa junto da gente. O amor ignora a distância, o tempo e resiste. Numa brincadeira de palavras existe, re-existe, resiste, insiste. Por isso que quando se ama, nunca se deixa de amar. A saudade é a palavra que inventaram para o amor que fica. Saudade é amar acima do tempo e da distância. É a certeza de ter sempre junto da gente, embora o tempo e a distância digam que não!

Giovana, hoje é o momento de seu vôo mais esperado. Diria que maior que qualquer formatura que você possa passar. Você, desde pequeninha já dava mostras que teria asas largas... E este tamanho de asas não se refere à distância que você vai voar em breve. Mas ao tamanho da sua capacidade em querer fazer algo por outros. Ainda ontem você me dizia que sempre sonhou em fazer algo pelos outros. Em outras épocas, pensaríamos em profissões, tal qual a de médicos em acampamentos de refugiados, ou coisas racionalmente delimitadas! Mas não! Como não poderia deixar de ser, algo inusitado surgiu, você enxergou e agora vai. Simples. Como gotas de bálsamo, você levará palavras a pessoas. A estudantes! Levará conhecimento aos outros. E, ironicamente, repetirá a missão da profissão de sua própria mãe. Ensinar! Qual não é o bom uso da palavra expressa e transmitida ao outro. Pois o conhecimento é o que nos distingue, nos capacita, nos abre os olhos, a mente e incita o coração a deixar de ser apenas um ser passante, mas a ser um ser que, embora errante, persiste, resiste e insiste na sua tarefa primeira que é amar acima de tudo e fazer o bem sem olha a quem. E usará tuas asas imensas ao dizer palavras que podem fazer a diferença! E dará passos e ensinará passos que podem levar a novos horizontes, buscar a luz e acreditar na vida. Vá, filha! Voe! Deus é contigo, sempre! Amo você!