Vamos conversar?

Vamos conversar?

domingo, 23 de novembro de 2014

Reorganizando as gavetas exteriores e interiores...

Pois é...

Nem sempre as coisas acontecem como a gente pensa. Ou quer.
Acontece que, via de regra, tenho o costume de projetar alguns ideais. Ideais? Sim. Ideias de algo que eu queria buscar, esperar, queira que aconteça.
É interessante que tanta coisa na minha vida, coincidentemente, as melhores, aconteceram sem eu planejar, desenhar o rascunho, pensar no formato, cor, contorno. Caíram em minha vida como presente e delas me apropriei.
Aí, quando tenho de desejar algo, fico ensaiando, embaçando e fico muito braba quando vejo que não são exatamente como eu gostaria que fossem.
Chego à conclusão, então, que não devo desenhar, antecipadamente. Não nestas áreas desdenhosas da vida. Pois que em algumas, é possível traçar um plano, os passos e, disciplinadamente, buscar meus objetivos. Assim como tem sido nesta fascinante jornada que envolve a corrida, a atividade física com bike, na corrida de aventura. Treinar o corpo, discipliná-lo, coisa tão difícil e penosa pra tantos, é um prato cheio pra mim de satisfação e realização.

Mas...

A vida é muito mais do que isso! E tenho deixado de lado, indisciplinadamente, todas as outras áreas da minha vida. Me flagro cometendo erros. Repetidamente. Desde dar atenção a pequeninas coisitas da vida como cuidar das minhas plantinhas, fazer longos passeios e corridas com meu cãozinho, fiel companheiro desde quando eu ainda estava de molho e off. Como dar uma geral na minha casa. Aí me ponho de castigo, incomunicável, presa em casa pra começar este processo de recolhimento e organização das gavetas, armários, compartimentos secretos... da casa e de mim mesma. E aí... tanta coisa pode ser mexida, posta pra fora e percebida carente de atenção!!!
Comecei, sem querer, a por ordem na cozinha. Levantei-me e “ia” tomar meu farto café da manhã. Pra poder sair com meu cãozinho, numa horinha de passada descompromissada a treino, tempo e desempenho. Coisa de que venho sentindo muita falta! Mas, ao abrir armários, deparar-me com coisas esparramadas pela mesa, balcão, sem lugar certo pra ficarem, passei como furacão ajeitando tudo. O que era pra ser apenas uma “ajeitada” meia boca, virou uma faxina no armário. Era hora! Tanta coisa socada dentro dele só pra tirar da vista, sem qualquer critério de organização. Cadê a Susi de outrora que mantinha tudo organizado? Quando me vi, sentada no chão, tudo posto pra fora, esparramado no chão pra recolocar, cada coisa em seu lugar. Reetiquetando caixas de guardar coisas. Apagando nomes que não uso mais e colocando nomes que uso e preciso de mais caixas agora. Pura metáfora da vida! Exatamente o que eu preciso fazer armário afora, alma adentro...

Enfim, tirei tudo, tudinho! Recoloquei e olhe só! Sobrou espaço! Ficou tudo mais visível reordenei lugares das coisas. Dá até pra achar facilmente o que eu preciso... Tão óbvio isso!!!...
De lá, algo que me incomodava muito, meus temperinhos tão bagunçados sobre o fogão. Vidros sem dono sem serem dono de nada. Vazios, alguns, sem utilidade. Oras! OU se usa, ou se descarta fora! Não é assim? Tirados do porta-tempero que foi um dos caprichos meus ao planejar esta minha cozinha linda, e tão abandonada ultimamente, lavados e esvaziados, só serão colocados lá ocupando espaço visível, se forem pra ser, realmente, usados. Senão, vamos economizar espaço e retirar de lá! (Seria o presságio de eu prestar atenção ao que me tempera a vida????)
Mais umas ajeitadas e uma limpada em portas encardidas, almoço encaminhado no forno elétrico, fui ao último ponto. Que, na verdade, deveria ser o primeiro de todos: as contas!!!!

Tenho o costume de protelar com o mais urgente. Era pra sentar, simplesmente, diante dos papéis esparramados na mesa desde a sexta-feira à noite e dar fim neles! Só! Mas perfeccionista que sou, sei que tenho uma ultramaratona me esperando em contas, registros, balanço, e preenchimento de planilha tão cuidadosamente elaborada para que eu saiba onde estou, como estou, pra onde posso mirar e pra onde opto ir. Contas!
Creio que esta é só mais uma das minhas características tão marcantes da minha personalidade que, um dia, se equilibrarão, quando eu conseguir ser meio termo dos meus extremos. Nem lá, nem cá. Nem oito, nem oitenta. Como passei longos anos da minha vida sendo extremamente certinha nesta área, com tudo previsto, registrado, controlado, e planejado, larguei mão! E sofro as consequências deste desleixo momentâneo. Consertável. E assim, será. Já!

Não é esta, nem será, a única parada pra eu perceber-me como “mulher polvo” com tantos tentáculos, tentando fazer mil e umas coisas de uma vez só. Na verdade, esta era a minha situação antes. Dava conta. Ficava maluca, punha malucas, as pessoas ao meu redor. Mas fazia tudo. Mas, conforme a paixão descomedida cresceu em um dos tentáculos só, fiquei que nem aleijada, inchada, calejada só num deles e todos os outros atrofiados, revelando a desproporção dos meus hábitos...
Bem. Consciência, embora disfarçada, já venho tendo há muito tempo. Faltava-me ser mais dura comigo mesma. Sabe aquelas conversas que pais têm como seus filhos, quando não dão conta de suas obrigações? Cortar aquilo que mais gostam, ou mais fazem, ou mais lhe tomam o tempo? Então...

De bom, que estou meio caminho andado. Decidi não pôr o pé pra fora de casa enquanto não terminar aquilo que venho protelando. Pense só. Eu, euzinha, sem sair pra tomar vento na cara, na canela, na bike, num fim de semana!!! Mas assim deve ser. Esta novela é antiga e se repete todo ano. Reorganizar as gavetas, os armários exteriores e interiores pra eliminar tudo o que é velho, em desuso, desnecessário. Reconhecer valiosas coisas que andavam enfiadinhas no fundo das gavetas, esquecidinhas, por pura falta de bom uso do meu tempo. Não é possível continuar ignorando partes de mim! Uma é consequência e reflexo da outra. Bagunça cá fora, bagunça cá dentro. Não tem segredo. Nem outra explicação. Nem outro caminho.


É como se estivesse passando um pano úmido pra retirar a poeira acumulada no tempo sobre mim. Tira-me um peso enorme das costas, dos ombros. Limpa-me a vista. Libera-me as articulações, os movimentos. Só assim, me achando em mim mesma, situando-me onde estou, de fato, poderei mirar a frente, o caminho a seguir. Aí, será outra história. Estas coisas que não entendo, às vezes, tento entender, me põe braba por não serem exatamente como eu gostaria que fossem. Aquelas que a razão desconhece. As razões do coração...