Vamos conversar?

Vamos conversar?

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Rugas de riso

Rugas de riso


Estou lá eu, outro dia, no prédio onde emitem guias do meu plano de saúde, quando percebo um rosto familiar. Muito eu, me aproximei da pessoa, chamei-a pelo nome, abri um sorrisão e ela, virando-se para mim, me reconheceu e nos cumprimentamos, num abraço.

Ela:
-Nossa, quanto tempo, você está bem?
-Sim e você?
-Bem! Mas… onde está aquela menina?
-(cara de não entendi!)
Ainda olhando para mim…
-Ah… O tempo judia da gente, né?!

Eu: Mais não entendi, ainda! Sim. Sim. Era comigo. Aquilo era para mim!

Continuei olhando pra ela me esforçando para parecer que continuava escutando o que ela estava falando para mim. Só fazendo de conta. Eu já não ouvia mais nada! Eu olhava, olhava pra ela e na minha cabeça eu ficava​ ouvindo a frase dela fazendo tóim, tóim, dando eco, eco, eco…

“Onde está aquela menina? Ah o tempo judia…. Judia…. Judia…”

É. Eu não estava, exatamente, arrumada. Do jeito que eu estava em casa, saí pra fazer fisioterapia e passei lá onde eu a encontrei. Simplinha.

Não sou exatamente o padrão de mulher da minha idade e de idade nenhuma. Não me visto na moda, muito menos me visto de maneira previsível. Confesso. É meio camaleão o meu estilo. Ou melhor seria dizer, muitos estilos como camaleão. Passa por básica, patricinha, esportista, hippie(chic?), salto alto, crocs no pé, mateira, tudo menos clássica, ou na modinha.

Mas aquilo que eu tinha acabado de ouvir, tinha a ver com o jeito que eu estava vestida? Ou era cara de acabada mesmo???
Hummmmm….

Martelou, martelou, martelou. E dentro das minhas resoluções desta semana, vou contar um segredo. Escrevi:

“Nunca mais sair desarrumada!!! Simplinha, sim. Desarrumada, jamais!!!”

Uns pitos, uns comentários sinceeeeeros e inocentes, mas sinceros, umas​ verdades servem pra muita coisa…

Dali, na frente do espelho redondinho, que fica em cima da pia, fiquei me analisando na luz. Fazia caretas. Sorria. Abria a boca. Ih. Ela tinha razão. Parece que de uma​ hora pra outra, brotou um monte de ruga na minha cara!!! De onde saiu tudo aquilo? Que eu nunca tinha visto??? Ter, tinha. Lógico que tenho e sei que tenho rugas. Cinquentenária tem de ter. Mas…

Careteei bastante e depois, caí na risada!!!
Olhei, olhei, comparei. Fiz cara de braba e de preocupada, cara feia de mal amada, mal resolvida, e de mal com a vida. Não tinha estas rugas!!!! Minhas rugas eram rugas de risada!!! Rugas de sorriso e de riso!!!!

Saí da frente do espelho rindo mais ainda!!! Gargalhando meeeesmooo!!! Sem dó!!!
Estas rugas, faço questão de ter de monte!
Não tenho o vinco no meio da testa, em cima do nariz, de gente braba. Tenho rugas de riso!!!!

Então tá bom!!! Pode falar que o tempo passou por mim! Judiou? Pode ser que sim! Mas do choro, fiz o riso. E já vou avisando… Vou enrugar muito mais! Pois pretendo sorrir, rir e gargalhar muuuuuito, ainda….

Você é água mole, ou pedra dura?

Obstáculos são o que nos movem.


Repara. Um rio seguindo o seu curso livre. Correnteza. A água seguindo livre.
Então, um obstáculo. Um tronco de árvore. Uma pedra maior.

O que acontece?

Um movimento. A água se repagina, se reinventa e contorna. Ela não pára. E se precisar, salta sobre o obstáculo.
E o que dizer do quanto desgastam as pedras duras, ela a água mole, até furar?

Ninguém se descobre forte se não se deparar com dificuldades.

Ninguém se descobre capaz se não tiver obstáculos.

Ninguém descobre suas potencialidades se não se puser à prova.

Se tudo fosse só uma reta plana, caminho fácil sem montanha, nem pra escalar, nem pra desviar em curvas sinuosas, o caminho seria uma chatice reta sem possibilidades de ver diferente, caminhar diferente, descobrir-se capaz de escalar, contornar e descobrir o prisma diferente de olhar de lugares diferentes.
Vida cinza e morna.

No caminho mais fácil, se passa rápido. E se chega rápido ao fim. Pra ficar lá parado, entendiado sem ter experimentado tanta coisa que o caminho mais difícil oferece, ensina e te enriquece.
Vida sem melodia, oca, vazia.

No final das contas, o de sempre. Livre arbítrio. Obstáculos pedem reações. E quem não reage se movendo pára. Estagna. E quem se move, ultrapassa. Vai além. Bem além do que imagina.
Vida vivida.

E, então?

Você é a água que corre no rio, vence os obstáculos recriando seus caminhos sem parar de se mover, ou é pedra que obstrui o caminho de quem passa e fica a mercê, sem se mover?

quinta-feira, 27 de abril de 2017



Guia Circuitos do Sul -Antonio Olinto e Rafaela Asprino

A trilha sonora... As falas... As cenas... Tudo remete à típica sensação de final de viagem.
Ao mesmo tempo em que eu tenho uma saudade enoooorme de tudo o que foi passado, uma peninha da viagem estar acabando, fica um aconchego gostoso lá dentro, por tantas coisas vividas.
Vocês expressam perfeitamente este sentimento no conjunto do vídeo.
Tive a felicidade de conhecer vários dos trechos deste circuito. Picadinho. Reconheci com uma saudade gostosa personagens e lugares. Harriet da Pousada Ponte de Pedra... Um lar aconchegante pra ficar na rota do Circuito das Araucárias. Estradas passadas. Lugares por onde passei.
Tenho uma certeza. Vou. Vou de novo. Quero ir neste tempo aí, que vocês colocam tão bem ao final do vídeo! Numa sacada legal e divertida e ver o mundo louco passando rápido em volta, estando ali, bike na mão, observando... Num tempo lento, desapressado. Como se fôssemos um personagem privilegiado observando vagarosamente o arredor... De bicicleta!!!

Grata! Imensamente grata por mostrarem toda a possibilidade de se passar em bicicleta pela região sul.
Já fiquei com meus botões aqui imaginando... Tão logo volte a pedalar, quem sabe iniciar por Gramado e ir percorrendo estes caminhos numa viagem que me leva, como sempre é, para dentro de mim mesmo. Que é onde a gente descobre que é o início de tudo para enxergar tantos caminhos!!!

https://m.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=LkHt1lFXsFQ

E na vida, você navega ou fica à deriva?

Quando tanto faz, faz tanto. Tanto desperdício.



Gente muito prática tem de parar um pouco de só fazer, fazer, fazer e parar pra escrever o que fazer. Ou intenciona fazer.

Resoluções.

Funciona. Listar.
Primeiro porque ao parar para escrever, você é obrigado a pensar. Organizar seus próprios pensamentos, priorizar, classificar urgências, localizar a frequência de cada coisa que quer e deve fazer. Você organiza mentalmente como se estivesse dando notas de importância. E analisa rapidamente o quanto deve direcionar seu tempo para cada uma. Ao listar, você separa o necessário do dispensável. E organiza algo precioso… o tempo!

Parece óbvio. E a gente tem tanta mania de confiar na memória, abstrair o que precisa aparecer no concreto para ser visualizado mesmo. Lembrado mesmo. E realizado mesmo!

Pode ser que era o que eu precisava. Que para outros, seja indiferente. Para mim, funciona. Escrever prioridades e coisas importantes a cada dia e todo dia rende resultados hoje para mim. E terminar o dia vendo concretamente que atingi pequenos objetivos que tracei para mim, dá a gostosa sensação de êxito. Sucesso. Satisfação. O que se torna a motivação para o dia seguinte. Fechando um ciclo de resoluções-ações-realizações.

Cai naquela velha máxima do primeiro passo. O mais difícil de ser dado. O mais enrolado.
O que determina se vai ou não vai acontecer algo que se quer tanto. Portanto, o mais importante.

O primeiro passo é a primeira ação. O primeiro movimento em direção. Mas a imensidão de movimentos minúsculos que acontecem antes lá dentro da gente, são as decisões postas pra fora. Ouso dizer que escreveram errado a palavra. E que ao invés de REsoluções, deveria se grafar PREsoluções. Ou seja. Tudo o que determinamos fazer que antecedem soluções.

Viver sem resoluções é como pegar um barco e sair à deriva. Você está no mar. Está indo. Mas sem saber para onde. Então, tanto faz olhar para um lado, para outro, tudo será igual. Não navega. Só vai.

É como ir na rodoviária e pegar qualquer ônibus. Não se decidiu onde ir, o que vai fazer, então tanto faz. E olhar a janela também é indiferente.

E pior. Viver à deriva, pegar qualquer caminho na vida não é o mesmo que estar aberto ao novo, que é algo sensacional e traz oportunidades. E viver no “tanto faz”. É nunca reconhecer o que te é bom, o que te faz bem, assim como reconhecer o que te é mau, o que te faz mal. E se posicionar com um “sim” ou um “não” diante deles.

E assim como estar no mar sem navegar, viajar sem observar por onde, é viver sem saber pra quê.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Segredos secretos

(Das histórias que se ouve sobre tipos de amores)



Segredos secretos.
Quais são?
Amores proibidos,
O bombom que se come escondido,
O amigo que é mais que amigo,
Aquilo que é sem poder ter sido.

Déjà vu.
Como visto um já acontecido.
Como efeito borboleta.
Um início, vários​ desfechos
Aquilo que se repete, sempre, de formas diferentes.
Pode isso?
Ser diferente sendo igual?
Ser igual sendo diferente?
São as coisas disfarçadas de parecido
E que por fora se emolduram de outra história.
Por dentro, é o mesmo já acontecido.

Certas coisas não têm de ser contadas.
Têm de ser eternamente segredo!
Porque quando vêm pro lado de fora ficam exigindo explicações. Como se tivessem…

Algumas raras coisas não foram feitas para serem compreendidas.
Fato. São apenas para serem vividas.
Sem delongas.
Sem leros-leros.
Existem. Não são esquecidas.
E, a cada tentativa de serem postas no lugar comum do entendimento, fica um buraco, um vácuo.

Sinto como​ se fosse o lapso caprichoso do tempo. Que permite, raramente, que algumas coisas nunca caiam no esquecimento.
Amores proibidos.
Amores escondidos.
Amor que é amigo.
Aquilo que é sem poder ter sido.

Déjà vu: https://www.significados.com.br/deja-vu/

Efeito borboleta: http://obviousmag.org/questoes_cotidianas/2016/o-efeito-borboleta-e-o-nosso-cotidiano.html


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Onde estão os pés de mamona?



Perambulando por aí outro dia, dei de cara com uns pés de mamona. Felizona da vida, relembrei uns trechos que andei escrevendo outro dia, sobre a minha infância. Daquelas passadas na rua brincando, bola queimada, bets, esconde-esconde e pulando cerca de arame farpado, enroscando o pé no arame, deixando aquelas cicatrizes de infância feliz! Tudo só pra brincar de casinha embaixo de pé de mamona.

Na hora, vendo aqueles pés de mamona, veio a cena na minha cabeça! Flashback!

Na minha cabeça de criança, enxergava a cozinha, a sala, os quartos debaixo do pé de mamona, como se houvesse, de verdade, as divisões feitas pelos galhos e troncos que pareciam gigantes​ na minha pequenez. Tudo era permitido imaginar!

Fiquei sorrindo sozinha pela lembrança.

Eis que passo pelo mesmo lugar uns dias depois e… tudo cortado! Arrancado fora! Derrubado! Me senti meio roubada. Roubaram cenas da minha infância. Pés de mamona não são mais importantes para ninguém. Não fazem mais parte do cenário da infância de ninguém. Mato. Desimportante. Corta-se fora.

Desde aquele dia, quis escrever algo sobre isso. Rende muita história. Pés de mamona são mais que pés de mamona. São símbolos. Da infância que não existe mais.

Será que ainda existem crianças que viajam no imaginário, desbravando terrenos baldios, mata adentro, enxergando tudo aquilo que elas quiserem no nada do adulto? Tá. Não vamos forçar a barra. Urbanidade. Não há teremos baldios nos bairros, exceto mais na periferia. Lá, tenho esperanças que as crianças ainda brinquem por aí afora…

Mas… Como pode isso? Um quadradinho preto na mão que abre o mundo em segundos a sua frente, sem tirar os pés do chão, ao invés de fazer viajar na imaginação, fazê-lo preso, conhecem tudo lá dentro, nada aqui fora?

Estamos nos perdendo numa inversão de personagens na nossa história. A gente a ilude pensando ter o controle remoto nas mãos de tudo. E tenho minhas dúvidas de quem realmente aperta o on-off das nossas vidas. Muita criança brincando em mundos infinitos dentro de uma caixinha preta numa falsa ilusão de controlar estes mundos. Quando quem está sendo controlada, é ela.

Debaixo de um pé de mamona, dava pra ser criança e feliz. Criança era o personagem protagonista. Pés de mamona são os parques, as ruas, pés de árvores, qualquer lugar que se vá, se brinque sem nada nas mãos. Presente, somente. Falta isso, hoje. Menos pra viver mais. Só!

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Quando é que um sonho acaba?

https://youtu.be/VI2sSwcfN14


Guia Circuitos do Sul de Antonio Olinto e Rafaela Asprino

Acabei de assistir. E resolvi transcrever aqui o comentário que fiz.

Aprendi que ir atrás de sonhos e realizá-los é algo extraordinário por nos renovar e fazer despertar em nós uma fé, uma certeza de que tantas coisas, antes irrealizáveis, são possíveis sim. Nos faz mais fortes!

Mas aprendi uma outra lição nos livros de gente que escreve e conta seus sonhos: quando você compartilha, abre a porta para outros conhecerem a sua história.

Na forma de livros, de postagens, de vídeos, de conversas à toa, prosa boa a qualquer hora é que a mágica acontece... Ela voa! Ela! A história! Aí vai embora. Não de você. Mas pega a estrada pra ser de toda gente. Toda gente que for sedenta de sonhos e quiser abraçar os seus latentes que se espelham nos de tanta gente que foi lá e fez! Aí um sonho se multiplica infinitamente!

Ninguém que tenha feito uma longa jornada, uma longa viagem não o fez, sem ter passado pelo primeiro passo. Este é o mais importante. Curto, preciso e decisivo.

"Chega a dar um friozinho na espinha, ao mesmo tempo em que aquece o coração ver estas imagens...

Sempre tive vontade de conhecer os canyons. E pude passar recentemente por ali. Passando de carro a subida, pedalando alguns pequenos trechos. E é tudo isso aí e muito mais...

Vocês conseguem transmitir a imensidão da beleza, da paz que se sente lá... Passar pedalando todo aquele trecho está na lista de desejos. Está sendo maravilhoso acompanhar vocês pelo mapeamento.

Creio que o seu grande sonho de mapear e oferecer opções ao cicloturista já assumido e àquele a se descobrir está feito! Não há como ver tantos caminhos, tantas possibilidades sem despertar a vontade de ir. Que seja timidamente alternando carro e bike no início. Que seja de alguma forma, mas ir. Pois atiçar a passar de bike, você atiçou. E, tenho certeza, muitos terão aquela coceirinha inicial que é só o presságio bom do que pode vir.

Parabéns! Grata por estar realizando este teu velho sonho que nos presenteia com uma porta aberta de caminhos..."

Sobre a pergunta que intitula o post, quando é que um sonho acaba? Quando você o realiza e o guarda na gaveta. Vira lembrança, lembrança boa... Mas egoísta! Mas... Quando você realiza e sai contando e atiçando a toda gente, ele não acaba, não! Acaba nuuuunca!!! Pois sai por aí, estrada afora, nos olhos de outra gente.

Sonho bom, bom de verdade mesmo, é aquele que não acaba nunca. Aquele que sempre emenda outro e mais outro e mais outro e outro...

Para ver mais sobre o projeto acesse

http://www.olinto.com.br/

terça-feira, 18 de abril de 2017

Qual relógio você tem?


O simples ensina

Dias atrás, vi aquele vídeo que viralizou  "Caminhando com Tim Tim" . Do gurizinho de um ano e pouquinho no seu passeio diário de dois quarteirões.

https://youtu.be/1dYukOrq5RI

Mas esta é outra história que conto outro dia.

Quero falar de outra coisa hoje.

Filhos crescidos, ganhei de minha irmã um cãozinho. Sem exagerismos, amor de cão e vice-e-versa​ é um aprendizado. Pra humanos. Eles ensinam.

Já corri um tanto nesta vida. Já pedalei outro tanto mais. Passo apressado, passava rápido por lugares onde, hoje, passo devagar. Passo passeando. Com ele, o meu cãozinho.

Eu adoro o ritmo desapressado da bike. Experimentei o gosto bom do vento, no tempo de se apreciar, parar e mudar a qualquer instante, a direção,o destino, a parada em cicloviagens.

Volto. Por enquanto, não.

Enquanto não, vou num passo um tanto mais desapressado. Minto. Às vezes, num tiro que ele, o meu cãozinho dá, me alcança, me ultrapassa, brincando de quem corre mais, de pega-pega até de esconde-esconde.

Passo devagar por lugares por onde corria. "Treinava". Focada numa meta à frente. Sem prestar atenção à volta.

Vi um vídeo, hoje, dos meninos amigos meus. "Pra nunca mais parar"

https://youtu.be/3YNC3_1Dj3s

Ouvi uma frase parecida com esta. O simples ensina. E como...
Eu sei que é natural no ser humano a busca de aprimorar. Velocidade das coisas acontecerem. Bom. Faz parte da evolução tecnológica. Inevitável e produtivo. Desde que...

Desde que a velocidade não seja pra passar mais rápido pelo caminho! Pressa pra quê? Pra chegar ao fim?

Não poder, TEMPORARIAMENTE, fazer coisas que eu fazia tem me ensinado.
Mania que a gente tem de, com o passar do tempo, ir complicando as coisas. E pra caber tudo, fazer mais rápido. Até que uma hora dá um clic. O simples é melhor. Faz mais feliz. Ensina.

Ando pra frente, sim. Adoto e gosto de tudo que venha pra acrescentar, equipar, dar segurança naquilo que faço. Mas gosto de resgatar aquilo que me traz de volta ao tempo onde ele próprio ia mais devagar. Afinal, o formato dos relógios mudaram muito. O conteúdo, não.

Dava corda em despertador pra acordar. Passei pelo rádio-relógio. E relógio hoje, não é mais relógio. É aplicativo no celular. Objeto em extinção. O relógio. Só não pode fazer dele, o tempo, o mesmo. Extinção. Porque de corda, em formato digital ou visual na tela, ele continua o mesmo. No mesmo compasso. Muda o formato, só.

E arrisco dizer: não era à toa a coincidência. No tempo que se dava corda para o relógio não parar, a gente ouvia um tic-tac no ritmo do coração. Seria para não esquecer dele? Levar o tempo no ritmo do coração?



P.S. Temporariamente está em destaque porque a vida é curta sim, só pra quem não diz sim. Pra tudo que é bom, há tempo de voltar.

Pra nunca mais voltar

https://youtu.be/3YNC3_1Dj3s


Sensacional!

Assisti como quem tá batendo papo, vendo, sentindo cada pedacinho, o vento, o barro, a prosa, a água do mar, do rio, o tudo que a bike  proporciona. 

Ela reinventa a gente, sabe? Faz capazes quem não se sabia capaz. Faz feliz quem não sabia por onde. Faz grande, imenso, infinito, um mundo que parecia tão finito.

Quem já teve o gostinho desta liberdade vai entender. Chega a doer no peito de vontade de quero mais, quero de novo! Mas vem. Vem sim. Porque quando se experimenta a liberdade que a bicicleta, esta magrela nos dá, de graça, tem jeito não. Tem mais volta não! É... 

Pra nunca mais voltar! Pra nunca mais esquecer que dá pra ser feliz é pra isso, basta apenas começar. Tempo dá! A vida é curta, sim. Mas só pra quem não diz sim!

domingo, 16 de abril de 2017

Em cartaz! O melhor espetáculo de todos os tempos.

Em cartaz!

O melhor espetáculo de todos os tempos!
Já assistido mundialmente, diversas vezes. Diferentemente dos espetáculos que permanecem em cartaz por décadas, este faz um revezamento constante de atores coadjuvantes. Mantém o protagonista e o elenco é rotativo, muitas vezes, tendo repetido alguns que compõe a história.

O roteiro tem caráter de drama e é baseado numa história verídica. O personagem principal, nasce de uma história não muito bem contada, de uma mãe solteira, aceito por um pai que se casa com ela.

No entanto, ele mantém vínculos fortíssimos com seu pai de verdade. O que lhe causa perseguições em sua vida adulta com um fim surpreendente… Numa relação de amor incomparável, incompreensível por toda gente que o crucifica por não aceitarem como pode continuar se dizendo ser filho de alguém que ninguém vê, nunca deu as caras, nem parece se preocupar com ele.

Suas histórias parecem absurdas e mais absurdo é ver que muitos acreditam nestas loucuras que ele conta a respeito de sua vida. Louco. Só pode ser louco.

Podia ter seguido por uma vida comum, mas se torna uma espécie de andarilho. Vive mais com um grupo de amigos que parecem acreditar nele do que com sua família que o criou. Uns doze amigos. Melhor corrigir, onze. Pois um é um traiçoeiro amigo.

Contar a história toda não é a intenção aqui. É preciso ir às casa de espetáculo onde ele acontece para ver, viver e sentir! Você vai se emocionar, se identificar com os personagens e pode até ser convidado a participar. Sim! O convite acontece diariamente e não há testes para atuar no espetáculo. Alguns pegam tão fácil o papel, participam e já compreendem tão bem que uma vez basta. Outros, atuam repetidas vezes e não são capazes de compreender. Patinam. Ficam, ficam e parecem surdos à mensagem.

Hoje é um dia especialmente importante para o espetáculo. É quando na história em que ele se baseou, acontece algo extraordinário na vida do protagonista.

Mas não vou contar a história toda, nem o final. Afinal, não é possível que você não tenha entendido qual é a história, quem é o protagonista e onde você pode ser encaixar nela.

Ou não?

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Rir é o melhor remédio. E ainda emagrece!

Rir é o melhor remédio. E ainda emagrece!

Pára e pensa. Quando você ri pra valer, de dobrar a barriga de tanto rir, faz abdominal sem nem perceber! Queima lá, um cem números de calorias. Além de que, velho cliché, é o melhor remédio.

Ou vice-e-versa?

Velhos ditados, sábios recados, bobiças à parte, rir se não é o melhor remédio, é o retrato de gente saudável. Que se tiver sua quilometragem bem rodada, probleminhas mecânicos alguns, barulhinhos daqui e dali, faz bem com o que tem, sem ficar reclamando. Porque problema maior que a falta de saúde é a falta de vontade! Cara feia. Reclameira. Affffes. E bufadas.

Mede-se a leveza de se viver, quando se pode rir dos próprios defeitos, recomeçar os feitos, rir-se de si mesmo, como quem se diverte de tudo e tudo é motivo pra rir e sorrir. Não porque não há preocupação responsável pelo que se faz. Mas não se faz ruga nem se entorta o nariz só porque algo não deu certo.
Não dar certo não é o fim. Pode ser o desvio que leva ao caminho que é o seu.

Se rir emagrece? Sei que rir faz bem. E, certamente não envelhece de rir, quem é feliz. Quem se faz bem, ri. Quem não se ama emburrece, emburra, enranziza e o que menos faz é rir.

E se emagrecer é perder o supérfluo o desnecessário, bingo! Rir emagrece, sim!

Estradas, lombadas e parada

Estradinha sutil esta nossa!
Bota placa de início. Mas não põe a que indique o final!

Pega a gente de surpresa. Com placa dos outros. A gente não pega, não. Porque quando a nossa placa chegar, quem é pego de surpresa são os outros!

Nós? Não vamos estar aí pra contar a história!

Em compensação… Será que teremos escrito nossa história, com todas letrinhas que nos fazem inteiros, plenos?

Às vezes, algumas vezes, alguns recebem aviso de plaquinha a “tarará” metros a frente. Feito lombada. Indicando que está se aproximando. Não sei se é bom. Ou ruim. Depende. Do que fazer com a informação. Reduzir e passar com calma pela lombada? Ou ignorar?

Mas placa de lombada é aviso pra reduzir a velocidade. Não é placa de ponto final. Diferente. Hora de descer do trem assusta.

-Não tem jeito de ir mais devagarinho, Seo Moço? Pra eu ir degustando este tempinho final de viagem? Prestar mais atenção à paisagem… A de lá de fora. E a daqui de dentro. Tanta coisa não prestei atenção nestes anos tantos…

Talvez, até dê pra desacelerar. Afinar os olhos, o olhar. Ser menos. Menos cri cri. Menos complicada. Isto! Descomplicar! Pra poder ser mais aquilo que importa. Que ao final das contas, é uma coisa só: vivo.

A plaquinha do meu ano encontrei, lá na Rota 40, pela Patagônia. A de início. A do final, sabe lá onde estará...

Vida miúda

https://youtu.be/7BI5Td9-w6Q

"Sempre há um sim para nossa vida miúda..."

Genifer Hardt é a mãe poetisa, palhaça, bonequeira que encantou a todos que assistiram o vídeo 'Caminhando com Tim Tim' que foi feito de suas observações no seu passeio diário com Valentim, o Tim Tim.
O vídeo viralizou. Merecidamente! Uma docilidade, simplicidades de encher os olhos e a alma.

Curiosa, pesquisei até achar a fonte de onde partiu poesia tão simples, tão leve e sincera. Achei! Neste canal seu, já assisti simplicidades mais ricas que viagens caríssimas que nem fiz. E viajei...

É alimento para a alma ler poesia, beber palavras que dizem o que vivem e vivem o que dizem!
Curtam. Alimento bom sempre bem vindo!

Sopro ou pegada?

Passaram? Ou passou?
Poderia? Ou pode?
Teria? Ou teve?
Seria? Ou foi?

Eu poderia.
Eu poderia ter
Eu poderia ser
Mas…

Eu pude.
Eu tive
Eu fui

Tenho cicatrizes porque eu vivi
São cicatrizes na pele, num corpo machucado de tombos, de ralos.
Porque são marcas de idas, de pulos, de “faços”

Outras, são cicatrizes da alma.
Fizeram chorar. Mas já não choro.
Pois me fizeram viver.
Cicatrizes de amores. Cicatrizes das dores. Dos viveres. De saberes. De fazer, fazer, fazer.
Que sempre serão cicatrizes por ter vivido.

De que adianta?
Pele vincada pelo tempo, rugas que o tempo traz, sem significarem marcas de ter vivido?
Rugas sem cicatrizes não significam.
São como a estrada vincada por poeira levada pelo vento.
Tem marcas desenhadas pelo vento.
Mas não tem marcas de pegadas.
É apenas palco do tempo.
Não fez pegadas.
Foi marcada, não foi passada.

Rugas são a passagem do tempo na gente.
Cicatrizes são as marcas da gente no tempo.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Qual o seu status?

"Be happy until the end."


Qual o seu status?
Qual é tua frase - curta - que te resume hoje?

Esta era de rede social inventa estas coisas. E lá vai você pensar, em poucas palavras, como estou, o que sou!

Tirando as futilidades de lado, pegue isto como apontar para você mesmo, o teu lema, hoje!

Já usei "Dreams are possilities!"
Agora, adotei este: "Be happy until the end!"

Gosto de me auto sugerir aquilo que acredito e quero para mim. Então, "ser feliz até o fim" me parece um ótimo lema. Não acima de qualquer coisa. Mas em consequência do que faço para mim. E de bem que faço para os outros. Um lembrete​! De que todo dia eu tenho de me empenhar nisso. Ter atitudes para isso. Vou ser redundante: realizar ações para isso! Ah! E que é até o fim!!! Ou seja: dá tempo!

Assim como "Você faz aquilo que é!" é cliché e é fato, "Você é aquilo que fala!" ou "A boca fala aquilo que a alma está cheia" também tem seu lado cliché, mas são verdades na prática.

Fecho a boca para urucubaca, maledicência, mau humor e má vontade de ser feliz.

Só. Tá bom!

terça-feira, 11 de abril de 2017

Um presente por dia, ou não!

Um presente por dia. Ou não?


Outro dia, me propus uma brincadeira: que tal se eu ganhasse um amigo novo por dia? Como assim?

Saio diariamente com meu cãozinho para dar uma voltinha para ele fazer xixi e cocô. Isto, duas a três vezes por dia. É nossa rotina. Como ele acostumou desde pequeno a isso, não faz nadinha dentro do apartamento. O que é ótimo! Não fica cheirinho dentro de casa, não tem de ficar limpando e lavando a sacada, ou qualquer lugar onde ele pudesse querer adotar como seu banheiro particular.

Não me incomodo nem um pouco com isso. Não é uma obrigação que ganhei. É um prazer! Não “tenho de sair” com ele. Ele é que me convida diariamente a dar uma voltinha. Enquanto ele faz lá, suas necessidades, eu vou conhecendo todo dia, um mundo novo. Não! Não é que passe por lugares diferentes. Até tem alguns caminhos que repetimos. Umas ruas, praças, parque, lago, que vou com ele com frequência. Não existe uma programação semanal. Desço e,lá embaixo na calçada, decido. Às vezes, deixo ele escolher para que lado da rua viro. Para lá, ou para cá e saímos.

O mundo ao redor da minha casa é o mesmo todos os dias. E não é! Porque todo dia passamos por ruas conhecidas. Encontramos pessoas conhecidas. Mas não é igual todo dia! Todo dia tem algo novo! E ganho novos amigos!

Quando me dei conta disso, achei o máximo. Eu saio e vou pensando na vida, ou não. Às vezes, quando vejo, estou pensando em coisas que aconteceram, rindo e lembrando. Ou estou planejando o que fazer. Arquitetando alguma arte. Desenhando o que vou​ fazer.
Noutras, sigo pensando absolutamente em nada! Só vou.

Dias destes, me peguei assobiando! Na rua, andando! Fazia tempo que eu não fazia isso… Será que eu já tinha feito isso, algum dia? Pedalando, sim. Talvez, correndo. Porque quando saio no meio do mato, a liberdade que sinto é tão grande que, naturalmente, faço destas. Cantarolar ou assobiar. Mas, assim, no meio da rua?
Me flagrei tão relax, ao ponto de assobiar mesmo, sem vergonha nenhuma. Pensar ninguém vê o que você pensa. Agora assobiar é que nem cantar! Qualquer pessoa que estiver perto, passando, ou parado no ponto de ônibus, ou na calçada, vai escutar e saber o que você está assobiando. E daí? Vai ver, vai até dar uma lembrança boa, nostalgia. Porque meu repertório é um pouco de modé, cavuco no túnel do tempo, o que saio assobiando.
De certa forma, estas coisas funcionam como um presente para mim. Coisinhas à toa. Porque me fazem bem. E o que faz bem sempre é um presente na vida da gente.

Então, tive este clic, esta grande sacada. Invariavelmente, converso com pessoas na rua. Geralmente, as pessoas se repetem. Mas nem sempre. Aí parei para ver que cada pessoa nova seria um presente. E passei a brincar de conversar com novas pessoas. Ah! E perguntar o nome delas! Porque esta história de saber o nome dos cachorros e não saber o do dono tem de mudar.
É muito bacana! Isto pode acontecer todo dia! Já pensou? Quantos amigos novos no ano? Trezentos e sessenta e cinco? Não são amiiiiigos de se chamar para vir em casa almoçar e tal. Mas são pessoas que também passam pelas ruas ao redor da minha casa, ou próximas a ela, no lago, nas praças que, possivelmente, vou ver de novo, ou não. As que vejo de novo, vira um exercício para minha memória;
  • Como é mesmo o seu nome?
Eu pergunto na segunda vez. Na terceira. Na quarta. Quantas vezes for necessário até eu memorizar. É até engraçado. Treino minha memória, ganho novos amigos, ganho presentes!

Comecei esta brincadeira, um dia em que estava triste, enxergando quantos amigos que perdi pelo caminho. Perdi para o tempo. Para a bobagem. Para o orgulho. Para o mal entendido. Perdi para a preguiça. Perdi para o esquecimento. Perdi para a morte. Perdi para a vida. Pessoas que entraram e saíram da minha vida por algum motivo. Porque tinham de sair. Porque deixei sair. Ou porque quiseram que eu saísse. Ou eu quis assim.
A verdade é que perde-se amigos, talvez, porque deixaram de ser. Às vezes, até insisto de brigar com o tempo e não deixar ele levar algum amigo. Mas, tal qual a cerração, vai indo e se vai. Aí, sei que não estão mais comigo.

Isto me fazia pensar que esta era uma contagem sempre regressiva. Vai secando e acabando. Ou não!
E não é!

Quantas vezes passei por lugares novos e fui conversando com pessoas que nunca vi?
Quantas vezes passei pelos mesmos lugares passados e encontrei novas pessoas e conversei?
Quantas pessoas que nunca vi passam por mim e posso disparar um “bom dia” ?

Já fiz isso. Quando comecei a caminhar no lago, antes de começar a correr, passava desapressada, com tempo para desafiar “bons dias” ! Fiz vários novos amigos assim. Aqueles que você encontra diariamente e passam a se tornar tão conhecidos que viram amigos mesmo. Ao ponto de passarem até a ser seus companheiros diários de caminhada, como foi o que me aconteceu. E virar meu amigão.

Estava em desuso. Tinha me esquecido desta coisa boa que é fazer novos amigos. Despretensiosamente. Toda boa e grande amizade começou com um oi, um bom dia. Cumprimentar as pessoas, perguntar seu nome não é só um gesto de gentileza e educação. Tão comum, antigamente. Tão em desuso, atualmente. Pode ser a chave para abrir as portas de novas amizades. Todo dia!
E aquela continha de subtração que me incomodava tanto, deixou de incomodar. Porque se eu quiser, se eu deixar acontecer, se eu disparar “bons dias’, eles de fato serão! Com presentes!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Não tem plaquinha!

Não tem plaquinha!


Estou lá eu, dando minha voltinha matinal outro dia e paro pra um dedo de prosa.

-Será que a praça abre logo?
-Ah. Demora. Deve ser quando entregar o prédio ao lado.
-Mas nem tem prédio ainda!
-Mas sem prédio, não entrega não! Olha só a praça de cima​. O vandalismo. Se entregarem esta praça sem morador perto vão destruir tudo!
-Será?
-Com ela trancada, pulam a grade, quebram luminárias, bebem lá dentro, quebram garrafas…
-Não creio…

Este Brasil não tem mesmo jeito! Depois falam dos outros. Dos políticos. Dos vizinhos. De quem não faz nada. E até de quem faz…
Conversa vai, conversa vem, ele me conta outra história. A história da plaquinha.

-Dona, estas plantinhas acabaram de ser plantadas. Estão frágeis. Seu filho está brincando em cima delas.

Já fazia uma meia hora que o guri estava ali. Pisoteando o jardim tão bem cuidado por iniciativa privada. E que toda gentarada que frequentava a praça sempre respeitou. 

Ou ela não viu porque devia tá grudada na tal da caixinha preta, ou prata, ou branca, ou de capinha colorida e não prestou atenção no guri, que por acaso era seu filho, ou viu e fez que não viu. 

Típico. Igual a gente no ônibus que olha pra janela pra fazer que não viu que entrou grávida, mãe com criança de colo, idoso e não encara pra não ter de dar o lugar. Aquela mãe ouviu o moço falando do guri que pisoteava as plantinhas e se fez de dissimulada:

-Hein?
-O menino, moça. Tá matando as plantinhas!
-Mas não tem plaquinha.
-Plaquinha????
-Plaquinha. Dizendo que não pode…
-(Silêncio)

E continua no mundo alienado da caixinha.
Inconformado, o moço lhe diz:

-A senhora vai me desculpar moça, com o que vou dizer. Mas não precisa plaquinha.
-Precisa, sim - sem nem olhar pra ele.
-Não tá na plaquinha, moça. Tá aqui, ó!

E aponta pra cabeça. Pro cérebro. Coisas em desuso em algumas pessoas.

Acho bom abrir uma fábrica de plaquinhas. Vai ver é por isso que as coisas não funcionam. Quem sabe se puser plaquinha pra tudo?
Plaquinhas iguais aquelas de auditório:

-Aplauso.
-Risada.
-Ooooohhhh….

Aí, ruas afora, a gente coloque:

-Diga bom dia ao passar por pessoas!
-Por favor.
-Obrigada.
-Não há de quê.
-De educação ao seu filho.

Talvez, tenham de ser mais específicas.

-Ao sair com seu filho, olhe para ele. Cuide dele. Converse com ele. Eduque ele.

Outras assim:

-Guarde seu celular ao sair para passear com sua família.

Que nem avião! Dizer que há risco de explosão, queda tragédia. Porque com o passar do tempo, a tragédia acontece mesmo. Famílias que se desconhecem morando debaixo do mesmo teto.

-Parece que​ eu conheço esta voz… De quem é mesmo?
- Hã?!
-Ahhhhh… Acho que é do morador do quarto da esquerda no corredor. Aquele meio barbudinho. Hã. Como é mesmo o nome dele? Mãe!!! Mãe!!! Como é o nome mesmo do nosso filho????

(...)

Termino com uma última plaquinha:
-O Ministério das Saúde adverte: Não viver faz mal a saúde!

domingo, 9 de abril de 2017

Como é mesmo o seu nome?

  
Como é seu nome mesmo?

Tenho passado diversas vezes por esta situação:
- Como é seu nome mesmo?

Ossos do ofício. Ou do tempo! Coisas do esquecimento.
Eu brincava – e fui advertida para parar com isso! – que era coisa da idade, o Alzheimer chegando, bobices assim. Eu via que andava esquecida... E brincava comigo mesma que fazia parte, fazer o quê!

São coisas que sempre aconteceram. Todo mundo vai ficando esquecido. Só que agora, tem nome para tudo. No final das contas, dá tudo no mesmo. Nome de doença. Nome de remédio para doença. Trata, não cura. Ameniza... E mais nomes para memorizar... De doenças. De remédios. Aiaiai!

Inevitável eu acabar comparando ao mundo da tecnologia, com a memória que vai enchendo e não cabe mais nada. Eu apelo logo. Já vou num modelo que caiba muita coisa para não passar pelo que sempre passava, quando o celular e suas configurações não acompanhavam tanta revolução, tanta informação e a “memória” dele não dava conta de tanta foto, tanta mensagem, tanto arquivo, tanto download. Ficava lento. Não funcionava direito. E aquele que era até ontem o top de linha era xingado como algo obsoleto! Ignorado. Deixado de lado, rapidinho, assim que chegava algo mais novo na parada...

 A memória da gente parece igualzinha... Vai enchendo, vai enchendo, vai faltando espaço, com a diferença de que não há cartão de memória para colocar e “expandir” a memória, nem dá para trocar o equipamento por outro mais moderninho e com mais espaço. Tem prótese para tudo. Transplante. Para a memória, não. Vai ver, temos de achar outra forma. Ou não?

Antigamente, eu vivia desfragmentando, compactando arquivos, fazendo faxina, organizando, organizando para não ocupar tanto espaço da memória no computador. No trabalho, então, nem se fala. Computador que precisa ser usado por mais gente, que muitas vezes, não tem lá aquele conhecimento para organizar os arquivos, não guardar tudo, não abrir novos cada vez que vai mexer, etc, etc... Vira um almoxarifado com entrada e sem saída! Mas, tá. Tira “os outros” e vamos ver na gente.

Dava tempo, não dava? Era só não deixar acumular! Mas cada vez que aumenta a velocidade das informações, dos entra-e-sai de downloads que não param, mesmo bloqueando estas entradas automáticas no celular, no e-mail, em tudo, mesmo você botando cadeado e só você tendo a chave de o que entra, como faz?

Muita coisa. Muita informação. Muito nome novo para guardar. Quer um exemplo?
Você sai dar uma voltinha e cruza com um monte de cachorrinhos e seus donos. Ou o contrário, se preferir. Nomes de cachorrinhos, guardo mais fácil. Geralmente, são nomes engraçados, tem a cara do cachorro. Ou você vê o dono chamando toda hora. Aí, memoriza. E tem também um detalhe. Você já viu alguém chegar e perguntar assim:

- Qual o seu nome? E a do cachorrinho?

Não!!!! ´
E sempre nesta ordem:

-Qual o nome do cachorrinho?
-É menino ou menina? (grifo: menino ou menina, sim, não machinho ou fêmea)
- Que raça que é?
- Tem quantos anos?
E blá-blá-blá-blá-blá-blá...
De veeeeez em quando, a gente lembra de perguntar:
-E qual o seu nome?
Geralmente, acompanhado de um sorrisinho amarelo, porque já faz um mês que você cruza com a dupla – cachorro e pessoa – sabe todos os costumes do dog, o nome sabe de cor, mas... Que vergonha! Como é mesmo o nome do dono do cãozinho? Vai ver, nem perguntou!
De que mesmo eu estava falando???
Ah! Da falta de memória! Já ia esquecendo...

Bem, falta de espaço a gente resolve fácil. Na receitinha de antigamente! Falta espaço? Arruma espaço! Faxina. Botar fora o que não usa. O que não precisa. Não pegar tudo que vê pela frente. Selecionar o que põe para dentro de casa, Da cabeça e do coração. Aliás, esta última tática é bem mais eficaz que a primeira. Selecionar. Filtrar. Mais fácil você fazer uma peneira daquilo que entra, do que sair catando pela casa, o que tem de ir embora.
Na cabeça e no coração, idem!

Neste mundo de tanta informação, neste tempo louco e veloz de tudo ser repassado, compartilhado, sem a menor análise da procedência, do valor, da veracidade, da utilidade (aqueles três velhos filtros que dizem ser cruciais para se espalhar uma notícia ou uma fofoca mesmo, no vocabulário popular e compreensível) melhor não pegar tudo. Não se apropriar de tudo que mandam, que você lê, vê, ou passa por você.

Vem muito lixo. Vírus. Desutilidades.
Antes de faltar memória é melhor escolher o que faz bem ter com você para lembrar!