Vamos conversar?

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domingo, 26 de novembro de 2017

Quero de volta o primeiro olhar!


Outro dia, chegando num salão, deparei-me com uma mulher que contava, entusiasmadanente, sobre o lugar onde estivera. Descrevia com tais detalhes, exprimindo de tal forma as suas sensações ao chegar e estar neste lugar que eu, embora pegando a conversa na metade, conseguia me ver neste lugar também. Dizia que a exuberância do lugar era tanta, a imensidão a fazia se sentir um pontinho minúsculo naquele lugar que só restou sentar, aquietar e sentir profundamente esta sensação de pequenez.
Qual não foi a minha surpresa, quando ela, prosseguindo o seu falar sobre seu encantamento por este lugar, foi passando as coordenadas de como chegar, onde ficar e, ao falar o nome da cidade, era um lugar conhecido de longa data por mim.

Resisti à vontade de palpitar sobre o lugar, ou querer mostrar que eu também conhecia. Ou que eu conhecia bem melhor do que ela que tinha ido uma única vez. Enquanto eu já havia perdido a conta das dezenas de vezes que havia estado lá em duas décadas, desde que havia pisado lá pela primeira vez.

Foi a melhor coisa que fiz!

Não há nada que supere o encantamento de quem esteve pela primeira vez num lugar. A descrição que ela fazia o tornava tão exuberante e continha algo que eu, naquela minha experiência de longa data, de tantas visitas, havia perdido. Quem visita pela primeira vez um lugar, deslumbra-se! Acende um brilho nos olhos que ofusca qualquer riqueza de detalhes permitido por quem vai repetidas vezes, sem renovar o seu olhar! O problema não é continuar indo neste lugar tão lindo. O problema é envelhecer o olhar…

Tchibum. Banho de água fria. Gelada. Quando a quantidade de olhares rouba a capacidade do encantamento de quem vê pela primeira vez, não adianta trocar o lugar. É preciso trocar o olhar! É preciso buscar lá dentro a peraltice de criança que não pára nunca de descobrir o mundo. Mesmo que os caminhos passem pelos mesmos lugares. Porque é o olhar que faz o lugar…

Talvez a riqueza da vida não esteja em buscar, incansavelmente lugares e estares diferentes. Mas em saber ter olhos que se encantem como se a cada vez fosse a primeira vez!


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